quarta-feira, dezembro 31, 2008

bom ano de 2009

Toda a vida aprendi que a verdadeira essencia da vida reside mais no facto de partilharmos a luz que temos com os outros do que em procurarmos esse brilho para nós.
Trata-se de procurarmos ser luas uns dos outros para que a escuridão não reine e o brilho dos sorrisos continue a existir.
É este pensamento que quero partilhar com voces agora que este ano de 2008 termina, na esperança de que o ano que esta prestes a nascer venha repleto de sorrisos e de partilhas.

bom ano

domingo, dezembro 07, 2008

poesis rip


como se mata afinal o poeta que há em nós

domingo, novembro 30, 2008

um outro sabado

se sabado o tempo parasse
e o sonho ficasse abraçado
o mundo seria canto
o mundo seria achado

se sabado o tempo parasse
seria alegre o meu fado
meu sorriso seria o teu
teu olhar.. o mais belo tesouro encontrado

se sabado o tempo parasse
o teu cheiro seria o ar que respirava
essencia doce em que bailava
belo fado... doce fado... luz achada...

se sabado o tempo parasse
parava no tempo, ficava encontrado
ficava achado nas asas do vento
neste pensamento ... poema sohado

se sabado o tempo parasse
poema sonhado...
voavas na voz dos versos que canto
bailavas de encanto, na luz das estrelas,

e num momento parado...
segundo vivido
sabado seria tudo
aquele abraço tudo..

se sabado o tempo parasse abraçado
seria tudo nos teus braços...
e tu nos meus poesia...
num gesto que embala a vida...
sonho concretizado....

se sabado o tempo parasse
parava no tempo encontrado
vivia um sonho sonhado
cantado num sopro do vento

serias ave
sonho
pensamento
achado

poema que canto
para não esconder
que poderia ter havido um sabado
que os sonhos poderiam acontecer.


porque poderá haver um sábado

domingo, novembro 16, 2008

ergue-se o vento pela saudade
num sopro de vento que se fez tarde.
paira na alma a falta do sonho.
verbo perdido as avessas sem sentido.
fome de grito sustido, sede do corpo sonhado
faltam-me os beijos e os gestos...perde-se o teu olhar.
já me roubaram a lembrança dos dias que hão-de chegar.
e eu que tinha esperança em fazer a essencia mais forte
e eu que tinha fé nas palavras que canto
dou por mim a duvidar por querer tanto e não ser porto.
nem ter junto a esta restea vá de corpo
navio porque zarpar

quinta-feira, outubro 30, 2008

voo

paro no tempo que passa
passando no firmamento dos acasos
ficando nos sorrisos e nos sopros
na lembrança de mãos que se tocam com ternura
num troar de vento a esvoaçar...
as vezes sonho que os meus dedos e corpo ganham penas
que os meus braços se tornam asas,
que o sopro do vento me embala...
então ai...
nesses momentos mágicos...
supero o ar, o atmo e o haperon..
e sei...
sei mesmo...
ainda que por segundos
que pertenço aos céus...

domingo, outubro 26, 2008

2005-2008 - três anos a contar-me

pois é ...
o blog faz três anos.
houve momentos de partilha
momentos de entrega
momentos de sonhos e de vazio
momentos de esperança e de conforto...
agradeço aos que aqui se partilharam comigo...
aqueles que me visitaram e me acolheram nos vossos espaços...
obrigado por me mostrarem que cada post valeu a pena...
que escrever pode ser mais que dar de beber a dor

boa semana


porque é tempo de reviver e porque foi o melhor poema que alguma vez escrevi deixo aqui o primeiro poema que coloquei no meu blog... precisamente há 3 anos


Quando ...
Quando eu morrer
leva-me no teu regaço
e embala a minha alma
no teu peitoquando eu morrer
deixa-me ir assim vão e escasso
que na ânsia de viver...
eu fui fracasso
e na gloria de sonhar-te
perdi-me por recordar-te
e nunca pernoitei
junto ao teu leito
deixa-me partir
não te peço que por mim chores
nem que grites à lua tudo o que não foste
tudo o que não me deste
acredita que és tudo,foste tudo
e não lamentes se ser tudo não soubeste
deixa-me ir
não quero que vás comigo
deixo-te a rosa encarnada
que guardei em mim
e não te soube entregar
deixo-te o brilho da vida
reencarnado nos sonhos
que plantei na flor
das minhas mágoas
nas pétalas que colori
com a lembrança dos sorrisos
que provocavas
deixo-me ...em ti
em todas as lembranças
dos momentos que vivemos
e na memória dos mundos
só teus
em que habitavas
deixo-me mesmo
nos despojos
só meus ...da vida que inspiravas
mas nunca te despeças de mim
nem nunca chores
és demasiado doce para chorar
ese eu nunca quis ver padecer alguém tão belo
tão sonho tão profundamente...luminoso e vivo
vais ver que vou estar sempre aqui
enquanto houverem alvoradas
enquanto a primeira estrela do céu
persistir em assomar à tua janela
como se te quisesse saudar.
Mas nunca me lamentes
apenas deixa que no verão
as gotas de orvalho
salpiquem a tua cara
e sente-as como se fosse eu
como se fossem os meus lábios
permite que a brisa do mar
invada suavemente os teus cabelos
e os lance no reboliço como se pairassem
por força das minhas mãos
vá ... deixa-te bailar suavemente na ode da vida
e vive-a de uma forma imensa e pura
como quem sente,
como quem ama
como quem sofre.
Mas não te impeças de sonhar
e vive cada nova gloria numa entrega
cada dança, como a dança da menina ave que sei
deixa-te pairar sobre os céus...
como se anjo fosses
sem temeres o frio ou o anoitecer
pois irei abraçar-te
nos teus sonhos
e velarei por ti para sempre...
enquanto dormes

quarta-feira, outubro 22, 2008

seis coisas ou a resposta a sugestão deixada pela Carol

Seis coisas de que gosto

A minha família

Os meus amigos

Poesia

Conversar

Viver

sonhar



Seis coisas de que não gosto

Hipocrisia

Desdém

Corrupção

Pessoas apáticas

Vazio

Solidão


Seis coisas que me fazem sorrir

uma boa conversa entre amigos

momentos de partilha no seio da família

0 nascer e o por do sol

ser bem sucedido quando ajudo os outros

o facto da minha mãe me dizer diverte-te cada vez que termina uma conversa seja pessoalmente ou ao telefone

ler uma boa história

Seis coisas que me deixam triste

pessoas sós

falta de entre-ajuda

o desamor


A indiferença

cidades cheias de gente e vazias de pessoas

A política mesquinha de quem não vive as dores das pessoas e fala como se fosse senhor de todas as verdades

Seis coisas que me definem

A poesia

A amizade

A entrega

As minhas colecções (de lanternas e canivetes)

O querer fazer sonhar

a busca do A… que não encontro talvez porque o busque tanto

quinta-feira, outubro 16, 2008

Esta semana em mim

Esta semana tem sido tão intensa
Aconteceu tanta coisa tão depressa.
Dias de tristeza e de alegria
Limites que superei sem pensar conseguir faze-lo
Momentos de vazio e de fulgor.
Segunda derrubei-me
Terça renasci
Quarta percebi que estou mais forte
Quinta dou-me aqui
Sexta será o que for ou o que vier
Torrente, mar chão ou intempérie
Possa eu flutuar fim de semana a dentro
e repousar depois no ninho
Que mesmo os mareantes como eu precisam de cais
E eu preciso tanto descansar
Navegantes unam os ombros como muralha
Suportemos-nos uns aos outros
Chega de olhar o chão como se fosse olhar para ontem
Chega de carapaças confortáveis
Não custa assim tanto estar atento
A dor dos outros as vezes diminui com um sorriso
Com um abraço, até com um livro....
Fazer sorrir é tão bom
E as vezes é preciso tão pouco..
Chega de depressão e de corre corre
Chega de desculpas
Precisa-se de gente atenta e consciente
Chega da crise ...
Não têm de ser como eu ...
eu sei que ser eu as vezes é de loucos
Não vos pedia isso...
Têm apenas de olhar, ver e sentir
Vão ver que há tanto que pode ser feito para inventar um mundo novo
Conto convosco,
Contem comigo
Segunda estarei pronto para as guerras todas.
Ah e se faz favor... divirtam-se

domingo, outubro 12, 2008

para A

um poema que recordo sempre que me vou abaixo.

para que não te esqueças de sonhar

SÍSIFO
Recomeça....
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
e os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...

Miguel Torga

sonha
sonha comigo
sonha connosco.

lutamos juntos

terça-feira, setembro 30, 2008

os tais dias melhores

Ontem estava triste, notou-se no post que deixei cá...
estava confrontado com uma situação que gerei e que teve resultados que não previa, como daquelas vezes em que estamos a construir um castelo de peças de domino e derrubamos deliberadamente uma peça por nao estarmos contentes com a posição em que ela está mas não vemos que a seguir a ela vai cair uma, e outra e outra.. e pronto castelo ao chão.
para quem costuma ser um teorico da entropia ( como diz o grande João) devia ter pensado em todos os cenários, avaliado as consequências, colocado pesos na lingua que eu já não tenho nem cabeça nem idade para a ter tão solta, mesmo que o que diga seja o que sinta... mesmo que o que fale seja sobre o que me doi...
Como não antecipei o que fiz a tempo não me resta outra medida que não assumir os resultados do que disse e vou/estou a faze-lo... o melhor que sei.
Mas eu não quero, não estou aqui para falar nisso.
estou aqui porque cheguei a conclusão que não quero/não posso deixar-me derribar.. sei que o que não nos mata torna-nos mais fortes e ainda vou gostando de estar por cá, por isso é tempo de ir a luta, de arranjar sonhos, de viver o dia a dia.
Afinal os dias melhores só surgem se os fizermos melhores.
nisto o tio S da minha grande amiga A tem razão e é algo que subscrevo e é válido para todos os que se deparam com agruras na vida...
disse-o isto tanta vez a tanta gente e devia ter pensado nisso quando me senti a cair...
a questão é que sempre tive mais facilidade em pensar nos outros do que em mim, a minha amiga A já mo tinha dito, a M e a ML também, mas a minha amiga I, que de resto encontro como por acaso sempre que um de nós está confuso, soube-mo dizer de forma tão contundente que tive mesmo de pensar no assunto ...
de facto não sei pensar em mim...
ergui uma barreira securitaria a minha volta, fiz-me reforçado, valorizo a minha capacidade de resistencia a toda a prova, o antes quebrar que torcer, armo-me em forte..
pensando bem ... mesmo as colecções que faço, a de lanternas e a de canivetes tem a haver com isso... gosto de me sentir preparado venha o desafio que vier.
as vezes acho que sou uma tartaruga com carapaça dura... muito dura... o problema é que quase sempre o coração anda tão mole que crio conflitos dentro de mim que não sei gerir...
Tinha, tenho para mim até agora que a minha maior limitação, o meu maior medo era não ser amado ... é não ser amado, mas não sabia e hoje já sei, que na minha busca do amor andei tão perdido que ora não vi que o era ora afastei mesmo a hipótese do ser, como se fosse um cão que não se sabe se está a correr atrás da sua cauda ou a fugir dos seus dentes....
A minha amiga I mostrou-me que isso era errado ( truque n. 1 para quem gosta de apoiar os outros - o banco do terreiro em frente ao bar os Filpes em Leiria governa como spot para falar), fez-me pensar em mim, pensar no que sou...
disse-me que não posso pensar nos outros como penso sempre, que tenho de reservar espaço para as minhas batalhas, os meus sonhos...
e eu estou decidido a faze-lo pois sei que se o fizer ficarei mais forte...
continuando sempre alerta para os que passam no meus dias claro.... afinal há bichinhos que não se perdem.

Quero agradecer aos que me leem pela visita constante e pela forma como se mantêm presentes, agradecer ao tio S da A, pelo comentário no outro espaço, reflexo disso é o título deste comentario.
Agradecer à minha outra amiga A, futura socióloga que anda alidar com terras de Lisboa e que me trouxe devaneios doces de viagens e alegrou o dia.
Agradecer a minha amiga Re do café que me encanta o estomago, que soube estar lá e entendeu que não estava tão bem como dizia.
Dizer a Piquenatonta que estou contigo nas batalhas que travares, dizer-te que faço parte da tua muralha de ombros e que juntos somos fortes...
Dizer a A que ela é uma pessoa muito especial, que vai saber dar a volta aos dias maus e que pode contar comigo para a ajudar a devolver-lhe toda a luz mágica que ela dá ao mundo.
Dizer a Ml e a M que sempre as tive.. tenho como pessoas especias e que agradeço terem tentado abrir-me os olhos mesmo sem que eu o conseguisse fazer....
sei que as vezes é preciso paciencia de job
e claro dizer a I que adorei a conversa de ontem e a forma como me abriu os olhos, esperando que ela me deixe fazer o mesmo, noutra conversa de banco, para que ela pereceba a luz que mora no sorriso dela.
hoje é o primeiro dia do resto da minha vida
uma nova peça de domino para edificar um novo castelo.

segunda-feira, setembro 29, 2008

basta

basta de vazios
basta de paz podre
basta de promessas que não se cumprem
basta de gestos que se concretizam sem vontade
basta de quereres bem quereres que mal me querem
basta de sonhos adiados e odiados
basta de amores que se desamam
basta de laços que se desunem...
basta do sonho que não se concretiza
basta da esperança no amanhã
basta do amanhã
basta do hoje
basta do agora
basta de tudo

ando cansado
cansado de mim
cansado dos meus gestos
cansado dos meus sonhos
cansado dos meus laços que se desenlaçam
cansado das fidelidades que se apagam
cansado das amizades e familiaridades eternas que se esbatem
cansado da minha cabeça que não se desliga
cansado deste vazio que ninguem alcança nem percebe
cansado de me terem por forte
cansado de se ficarem quando digo que "estou bem"
cansado de escrever sobre o que não vivo
cansado de sonhar com o beijo que não dou
cansado de me levantar dia após dia

gostava tanto de poder dormir uma semana,
não... dormir um mês...
viajar só numa terra desconhecida...
assumir a renuncia de tudo...
chegar ao vazio dos vazios
o vazio em que não estaremos realmente sós
porque saberemos depois de o atingirmos
estar connosco

terça-feira, setembro 09, 2008

SE EU TE ESQUECER

Se eu te esquecer
As flores deixarão de florir
As estrelas irão desertar dos céus
As andorinhas irão deixar de fazer ninhos
Os rouxinóis irão esquecer-se de cantar

Se eu te esquecer
O norte deixará de ser onde é
Os marinheiros irão perder-se no mar
As baleias não poderão guiar-se
As marés deixarão de beijar a areia

Se eu te esquecer
Deixará de fazer sentido o nascer do dia
Não valerão de nada as cores do pôr-do-sol
A noite será escura e perpétua
Prisioneira amordaçada do suceder das horas

Se eu te esquecer
As crianças deixarão de ter porque sorrir
Desalinhar-se-ão todas as notas musicais
O silencio será devastador
A pele irá enrugar-se por desistir do toque

Se eu te esquecer
Os sítios onde estivemos
Os olhares que trocamos
As conversas que tivemos
Serão escolhos de alma arrancados da imaginação

Se eu te esquecer
Irá findar-se a tua luz que trago em mim
Findar-se-ão os sonhos e a vontade de sonhar
Tornar-me-ei banal vegetativo desistente
Escoria de luz atirada pelos ventos

Se eu te esquecer
O princípio será o fim
E o fim o principio de todas as coisas
O horizonte uma prisão perpétua
O nada tudo e o tudo nada

Se eu te esquecer
Não valerá de nada o que já fui
Não quererei saber o que serei
Os abraços irão cerrar-se cansados de ser porto
Falirá para sempre o coração

Se eu te esquecer
Irei esquecer-me das viagens que não fizemos
Dos planos que não realizamos
Dos projectos adiados e adiados
Dos beijos que não ousei dar-te

Se eu te esquecer
Ficará na minha alma...
A mais rasa das tábuas
O mais desértico dos desertos
A mais inexpugnável das montanhas

Se eu te esquecer
Irei deixar-te ser ave que és para defrontares os céus
Irei deixar de querer voar sem conseguir.
Renunciarei a proteger-te
Irei enfrentar a finitude que as palavras não alcançam

Serei escolho
Vácuo,
Beata,
Resíduo,
Degredo,
...nada

serei o nada
o nada dos campos vazios onde nascem papoilas
o nada dos desertos onde despertam os rios
o nada do vento onde planam as aves
o nada desta folha branca onde escrevo tudo
o nada da alma em que se erguem os sonhos
o nada que pode ser tudo...tudo o que puder ser.

quarta-feira, setembro 03, 2008

e se a saudade fosse outra coisa- um comment ao blog da lisa que se tornou post

e se a saudade fosse outra coisa???
se não tivesse a dor a que nos habituamos???
se fosse a falta do toque???
e se o toque de repente fosse tudo???
e gesto a gesto se descobrisse o mundo.
as vezes parece que a pele cria laços com a pele da pessoa querida...fica refem dela...
o corpo da por si a pedir o corpo... o carinho a pedir carinho...o sonho a pedir sonho...
a ausencia do outrem assume-se como um quase intervalo entre o sonho que já foi e que ainda não aconteceu..
damos por nós na falta do outrem a preencher vazios na memória...
como se o outrem estivesse sempre presente...
como se não se tivesse ido...
como se as nossas células e as da outra pessoa ainda estivesserm ligadas...

sexta-feira, agosto 15, 2008

saudades

"Porque se matam as saudades....
Nao sonhas. morres um pouco de manha e ao meio do dia quando o sol mais queima. tens de continuar. tens de esquecer. nao aguentas mais. Tens de acabar, matar recomeçar a viver. So que ela esta presa por dentro e tu agarrado a ela por um no na garganta e nao sabes o que deves deitar fora, arrancar, vomitar para que ela te saia de dentro. sais a noite com o definitivo proposito de nao voltares sozinho. compoes dentro da cabeça uma mulher com um bocadinho disto e um bocadinho daquilo esperas que bata certo. levas um bocado do tecido rasgado e queres encontrar o todo. mas nao encontras ninguem. pior, encontras alguem que te vem provar sem remissao que nao a vais poder substituir tao facilmente, que nao ha mais nada no mundo inteiro depois dela senao um deserto de tempo que se estende a tua frente onde tudo se torna insignificante e pequenino. começas a beber, a fazeres-te mal, porque estas triste e nao acreditas em nada senao na dor. queres morrer e nao podes e nem sequer coragem tens para te matar. e quando ainda pensas poder voltar atras, tambem sabes que nao e possivel voltar atras porque tu estas num mundo e ela noutro, os dois que tao depressa se afastam, encerrados em planas fotografias em que estao abraçados e nus e ja nao somos nos".
PEDRO PAIXÃO in NOS TEUS BRAÇOS MORRERIAMOS
Porque nos seus livros Pedro Paixão sabe como ninguem dizer sonho... dizer saudade... dizer amor...
bom fim de semana

segunda-feira, julho 28, 2008

A Voz do Silêncio

A pessoa que sou é única, limitada a um nascer e a um morrer, presente a si mesma e que só à sua face é verdadeira, é autêntica, decide em verdade a autenticidade de tudo quanto realizar. Assim a sua solidão, que persiste sempre talvez como pano de fundo em toda a comunicação, em toda a comunhão, não é 'isolamento'. Porque o isolamento implica um corte com os outros; a solidão implica apenas que toda a voz que a exprima não é puramente uma voz da rua, mas uma voz que ressoa no silêncio final, uma voz que fala do mais fundo de si, que está certa entre os homens como em face do homem só. O isolamento corta com os homens: a solidão não corta com o homem. A voz da solidão difere da voz fácil da fraternidade fácil em ser mais profunda e em estar prevenida.

Vergílio Ferreira, in 'Espaço do Invisivel I'

antes de....

tudo...

o sonho

todos os sonhos

quinta-feira, julho 10, 2008

pára

Para! não faz sentido dar corpo ao sentimento... o corpo tem coisas que não conheces... dores que não se encaixam.... sedes que não se sassiam....
Não eu não tenho medo do toque... não me assusta a pele.... não me abomina o sexo... eu simplesmente não estou para isto.... não nasci para isto....
Meti na cabeça que a essência é mais forte, que a alma tem luz, que o sorriso é vida.....
Que os olhares falam..... que há silêncios cúmplices.... que é importante estar ai.........
Que é importante estar presente....
Não... eu não entendo o queres dizer quando dizes - “tens de deixar que eu sinta a tua falta... tens de me deixar ter sede”
Mas eu quando não estou contigo tenho sempre sede... sinto sempre a tua falta.... tu não???
Quantas horas ou dias são precisos para que isso aconteça.... qual é o segredo do tempo que ainda não sei....
Que sentido faz querer falar contigo e não poder porque tenho que deixar que sintas a minha falta.....
É que eu sempre fui atras ... se gosto gosto, se gosto dou-me ... nunca entendi os meios termos, os joguinhos......
As cores da vida não me ensinaram a sedução do vermelho dos seus tons...... sempre apregoaram a transparência cálida da alma... a pureza do sonho....
É preciso ser recto e verdadeiro... foi o que aprendi com os filmes de cavaleiros andantes e cowboys com que cresci...
Sempre me entreguei todo... qual é a metade que não posso dar-te para que sintas falta dela.... diz-me... como posso esconder-te essa metade...
Eu nunca quis nada disto....porra... mergulhar nos teus olhos sempre foi muito mais que qualquer outra coisa.....
Sempre foi muito mais que .... tudo....
Eu só queria ser ave.... sabes.... nunca fiz parte deste jogo... nunca aprendi as regras..... os códigos... o não mostrar o baralho... o não dar tudo logo.... o não ser assim logo ...
Para mim um sim é um sim e um não é um não... ainda não entendo os sins e os nins... nem essa coisa abstracta que é o “não mas fiquei a pensar”... ou o “sim e depois se vê”
Abomino a incerteza e o “não é definitivo mas sabe bem....saboreia” ... e depois sempre desprezei as curtes ........
Cada gesto é demasiado valioso para ser mandado ao ar....
Quando se beija mesmo que para “experimentar” ficasse preso...dá-se sempre alma e
quando se da a alma ficasse agarrado... deixasse de ser um... não se fica indiferente... quando se dá a alma... abdicasse de ser uno para só se conseguir ser uno com qualquer coisa que nos é dado pela pessoa amada... e a pessoa amada só fica una com qualquer coisa que lhe demos quando abdicamos de ser perfeitos para amar.
Já alguma vez reparas-te que o coração que aprendemos a desenhar desde miúdos não é um coração apenas mas dois corações sobrepostos unidos entre sí... não um elemento único mas duas metades esquerda e direita que se unificam para dar a algo novo.
Como é que se abdica disso.... como é que se fica depois de se dar e se perder????
No amor como na guerra depois da batalha os corpos moribundos jazem pelos campos e os despojos espalhados são entregues ao vencedor......
No amor como na guerra ganha-se e perde-se, erra-se o alvo.....Fintasse a vida.....
O problema é que com o fim dos anos perder a batalha se torna cada vez mais avassalador... as feridas do velho guerreiro saram mais dificilmente, as cicatrizes ficam mais duras...
E se eu não conseguir sarar as feridas depois de tu deixares de me querer???
E se eu não conseguir abdicar da tua metade que me deste e que mora em mim????
E se eu gostar do teu beijo.......??
E se eu quiser que o beijo seja para sempre...???
Se me apetecer parar o tempo....???
Dar-te um beijo seria como ser cego e ser-lhe dado o prazer de ainda que por segundos voltar a ver a luz...
Como ficarei eu depois de ser devolvido à escuridão....
Como ficarei eu depois de ver as cores da vida.... as formas das coisas forçado a abdicar delas...
Como voltarei eu à negritude forçada depois de ter visto o meu mundo todo alterado... depois de me ter sido possível mergulhar em algo muito mais luminoso...
Como poderei eu mover-me se a percepção que tinha das coisas nunca mais será a mesma....
Pára .....
Espera....
Não... não tem a haver contigo...
Não... não perdi o interesse...
Não... não há outra...
Eu só tenho medo de ficar ligado a ti...
De não conseguir depois voltar a ser o que sou...
De não conseguir viver depois de te ires...
De beijar o lado de lá da lua, aquele lado que é reservado aos sonhos e aos elfos..
E depois como terrequeo finito que sou ter de viver sem ve-lo.....
De não conseguir nunca mais... respirar longe dos teus lábios...
De não conseguir voltar a ir-me...

sexta-feira, junho 27, 2008

A negação do anjo

Chamaram-me anjo mas anjo não sou
Sou poeta perdido não sei onde vou
Mas a verdade é que não importam os caminhos
A meta as vezes não é o horizonte

o que importa é o sonho
e o que sentimos bem dentro do peito,
bem dentro da alma, bem dentro da vida
Metade qualquer arrancada de nós

Por isso talvez perdido me encontre
Em cada olhar que canto...
Em cada gesto que guardo
Pedaços da vida que passam por mim

Por isso talvez... o sentir que me acho
Na tua voz, no teu olhar, no teu sorriso
Naqueles momentos raros em que te encontro
E em que o tempo parece não passar

Por isso a memória de cada momento
De cada abraço, de todas as conversas
A lembrança dos passos... passo a passo
que demos na vida

Por isso cada pedaço de papel que guardo e canto
Por isso esta angustia de saber que as vezes para lá do beijo
As vezes para lá do que dizem viver
Nas sortes do amor o mundo gira ao contrário

Por isso esta dor que as vezes mora em mim
Porque sei que ter não importa
Porque sei que venha o que vier
Estamos mais perto do fim

Porque há cada vez mais alguma dor
A bater em cada porta, a esconder o olhar
Porque sei que há cada vez mais braços no ar
Pessoas que teimamos em não ver

Por isso este meu ar desprendido
Que se prende em pequenos instantes
Que o tempo, os medos...e os desassossegos
parecem não levar

Por isso este meu despir da mascara
Este não ter carapaça, este não entrar no tom
Eu sei que sou desalinhado
Mas quando o que importa é dar isso até é bom

E eu sei que sou extravagante
Sei que não me encaixo
Sei que não pertenço
Mas sei que não me escondo

E mesmo diferente
Sei que não me vergo
Sei que não me rendo
Sei que me dou

E por isso escrevo
Por não poder calar
Um beijo na praça
Uma mão a acenar

E venha o que vier
Sei que canto os sonhos
Pedras emoções
Feita de sentimentos
Guardadoras de paixões

E sei que canto acesos
Os dias que guardo
Lembranças que vivo
Até ao fim da alma

E sei que há em mim além do nada
Não um deus, um anjo, ou um cavaleiro andante
Mas apenas alguém que sabe que as vezes
Cada gesto é importante para elevar um coração

Alguém que farto de corações partidos, chamas apagadas....
Campos vazios que já não são lavrados pelas enxadas da paixão
Não se rende e não desiste.... sobretudo não se esconde...
Dá-se e é.

E acima de tudo...
Canta o sonho.

terça-feira, junho 24, 2008

eu sou

uma ave ferida
um intervalo no espaço
uma pedrada no charco
um embaraço
um naufrago perdido
sem querer cais
um poema esquecido
que não digo mais..

a saudade da voz
do sopro que das
um sonho passado
que não volta atrás
a lamina afiada
do meu canivete
o gesto magoado
num bailado qualquer

enfim talvez marasmo...

mas sobretudo sou....
ser....

mas sobretudo..

existo....

mas sobretudo ...


sou.....

mas sobretudo....


dou...

e assim aconteço...

e percebo porque existo...

mesmo que as vezes

seja vão
seja louco
seja só...

quinta-feira, junho 12, 2008

cada um de nós

cada um de nos é o vazio que carrega... um pedaço qualquer de sonho que ficou a deriva... algo de brilho que se perdeu no vento

sexta-feira, maio 30, 2008

Saudade....

Frases Sobre Saudade


A ausência diminui as paixões medíocres e aumenta as grandes, assim como o vento apaga as velas, mas atiça as fogueiras.

(Anónimo)

A casa da saudade chama-se memória: é uma cabana pequenina a um canto do coração.

(Henrique Maximiliano Coelho Neto - Romancista e contista brasileiro - 1864/ 1934)

Aquele que inventou a distância não conhecia a dor da saudade... (Anónimo)

Como é bom contemplar o céu, interrogar uma estrela e pensar que ao longe, bem longe, um outro alguém contempla este mesmo céu, essa mesma estrela e murmura baixinho: "Saudade!"

(Anónimo)

Debruço-me na sua ausência como se o vazio dotado fosse de ombros largos, cor, calor e pudesse me ouvir ao relento roçar o ponto mais sensível da imensa falta que você faz.

(António Carlos Mattos)


Saudade são águas passadas que se acumulam em nossos corações, inundam nossos pensamentos, transbordam por nossos olhos, deslizam em gotículas de lembranças que por fim, morrem na realidade de nossos lábios.

(Anónimo)

Bom fim de semana.
amigos...
que a chama da saudade converta um dia em solo fertil os terrenos que a dor deixou por arar.
Quando isso acontecer talvez voltem a nascer papoilas em todos os corações

quinta-feira, maio 01, 2008

A cor da vida


O azul do oceano à beira da praia.
O branco da neve das montanhas altas
O rosáceo vermelho das papoilas vermelhas
O amarelo dos campos a pedir primaveras

O castanho das folhas a despedirem-se do verão
O negro dos céus pejados de estrelas
O bege da areia que guardas nos dedos
As conchas cinzentas com que enfeitas castelos

O branco e amarelo dos ovos estrelados
O transparente da água com que molhas os lábios
O voar das joaninhas vermelhas e negras
As crianças que correm no verde dos prados

O branco e o negro das calçadas da rua
Que pisas pé no branco, pé no negro
como se o universo fosse e trilhasses caminhos
Nos quadradinhos do mundo

O vermelho das rosas
e o azul dos jasmins
Flores querubins
Que lembram amores

o laranja da cenoura
que torna belos teus olhos
e que enfeitas o nariz
do boneco de neve

os mil tons vermelhos do pôr-do-sol
João pestana do dia
e o despertar da lua
na viagem do sonho.

O saltar verde e amarelo
Da bola com que rodopio a rodopio
o ronaldo brincava em criança
ensaiando marcar os golos do futuro

as mil cores do arco-íris
que surgem no céu só para te dizer
que a chuva se vai e o sol regressa
para poderes brincar

os salpicos cinzentos da lama
que trazes na roupa
quando brincas a chuva
e pulas nas poças

todas estas são as cores
que podes usar para colorir a vida
ao ritmo dos teus sonhos
porque o amanhã é o futuro

e as cores da vida estão em tudo
para colorir o teu sorriso
para acender o teu olhar
para aquecer o teu abraço
e dar asas ao teu sonhar

porque afinal
mais do que tudo isto
a cor da vida
é a luz da tua alma

menina criança
homem do amanhã
fonte de esperança
de que o mundo tenha cor

porque afinal
es tu
quem aprendiz de feiticeiro
pinta o infinito dos sonhar

porque afinal
a cor da vida
a cor da nossa vida
és tu

domingo, abril 27, 2008

Sobre o Poema

Um poema cresce inseguramente
na confusão da carne,
sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,
talvez como sangue
ou sombra de sangue pelos canais do ser.
Fora existe o mundo.
Fora, a esplêndida violência
ou os bagos de uva de onde nascem
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
do nosso amor,
os rios, a grande paz exterior das coisas,
as folhas dormindo o silêncio,
as sementes à beira do vento,
— a hora teatral da posse.
E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.

E já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único,
invade as órbitas, a face amorfa das paredes,
a miséria dos minutos,
a força sustida das coisas,
a redonda e livre harmonia do mundo.
— Embaixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.
— E o poema faz-se contra o tempo e a carne

quarta-feira, abril 23, 2008

A Vida como Luta entre a Realidade e o Sonho

"Somos um sonho divino que não se condensou, por completo, dentro dos nossos limites materiais. Existe, em nós, um limbo interior; um vago sentimental e original que nos dá a faculdade mitológica de idealizar todas as coisas. (...) Se fôssemos um ser definido, seríamos então um ser perfeito, mas limitado, materializado como as pedras. Seríamos uma estátua divina, mas não poderíamos atingir a Divindade. Seríamos uma obra de arte e não vivente criatura, pois a vida é um excesso, um ímpeto para além, uma força imaterial, indefinida, a alma, a imperfeição.
A vida é uma luta entre os seus aspectos revelados e o limbo em que eles se perdem e ampliam até à suprema distância imaginável; uma luta entre a realidade e o sonho, a Carne e o Verbo.Entre nós, o Verbo não encarnou inteiramente. Somos corpo e alma, verbo encarnado e verbo não encarnado, a matéria e o limbo, o esqueleto de pedra e um fumo que o enconbre e ondula em volta dele, e dança aos ventos da loucura...E aí tendes um pobre tolo sentimental, uma caricatura elegíaca.Neste limbo interior, neste infinito espiritual, vive a lembrança de Deus que alimenta a nossa esperança, e transfigura esse bicho do Demónio, que anda por esses boulevards, vestido à moda ou coberto de farrapos.Ardemos num incêndio de esperança, para que reste de nós uma lembrança, um fumo que sobe e não se apaga.Tudo é memória: um fumo leve, em mil visagens animadas; ou denso, em formas inertes e sombrias; e, ao longe, a grande fogueira invisível que os demónios e os anjos alimentam.Vivo, porque espero. Lembro-me, logo existo."
Teixeira de Pascoaes, in 'O Pobre Tolo'

segunda-feira, abril 14, 2008

as vezes (não queria)

Quero escrever
Sobre o fim dos sonhos
Sobre este vento
Que leva o tormento

Quero escrever
Só para não sentir
Não ter de sorrir…
Só para não esmorecer

Quero navegar
Nas entranhas de mim
Ser um astro louco
Sem querer… querer-te
…Querubim

Quero ser só voz
Da voz abafada
Lembrança que de nós
Possa levar a mágoa

Quero perder
A fonte dos sonhos
E os doces tesouros
Que guardo na alma

Não ter dedos… braços
Não ter alma…
E não ter tanto para dar…
em fúria calma

As vezes queria ser
Papoila ao vento
Laje de cemitério
Escolho de jardim…

Existir sem sentido e sem sentir
Não ser porto nem ver partir
Cansa-me ser sempre cais
e porto dos promontórios dos sorrisos

As vezes queria apenas
Não pensar e não fugir
Não lutar nem me defender
Não ter de sonhar

roubar um beijo
como se fosse
apenas um gesto
e não a alma

Abraçar como se manhã
Não houvesse amanhã
e os braços fossem elos
para sempre…todo o sempre

as vezes quero amar como se respirasse
tocar como se tocasse na aura
beber sonhos .. os meus sonhos todos
como se ao bebe-los os findasse…

as vezes quero…
querer…
só por querer..
como se não doesse

talvez porque sinto
sinto o mundo todo
a areia do tempo
na ampulheta da alma

o sabor de um beijo
qualquer que não dei
ou o dia que chega
e é sempre o mesmo

e queria dar-me
para não pensar que não me dei
sonhar com alguém
só para construir

e poder ser…
poeta
… astro
…grifo
… grito
Personagem com sentido
dos sonhos que sangro no papel

domingo, abril 06, 2008

Há sem dúvida.....

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossivel,
Há sem duvida quem não queria nada -
Tres tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possivel,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

Álvaro De Campos (heterónimo de Fernando Pessoa)

sexta-feira, abril 04, 2008

quem sou eu

uma amiga tem no blog uma referência a um site em que fazemos um teste sobre a personalidade...
tentei faze-lo e o resultado é o que exponho (desculpem os que não gostam de inglês)..
para o mal ou para o bem não está muito longe da verdade.



The Caregiver
You are sympathetic and caring, putting friends and family first.
A creature of habit, you prefer routines and have trouble with change.
You love being in groups - whether you're helping people or working on a project.
You are good at listening, laughing, and bringing out the best in people.
In love, you value harmony and mutual understanding.
You will apologize or give someone the benefit of the doubt, if it means getting over a fight sooner.
At work, you are good at building relationships and connecting with people.
You would make a great nurse, social worker, or teacher.
How you see yourself: Organized, dependable, co-operativeWhen other people don't get you, they see you as: Opinionated, critical, and know-it-all

terça-feira, março 25, 2008


na vida
no vento
no tempo
no sopro
em cada momento
todas as caminhadas estão cheias de voos e quedas
de desaires e vitorias.
o segredo não está em levar vidinhas tranquilas longe desses altos e baixos,
está sim no facto de apreendermos a equilibrar-nos com navegantes de um veleiro exposto as intempéries e assumirmos que mesmo as dores podem ter um sentido qualquer no rumos dos sonhos.
é preciso ter fé nos ventos que nos guiam...
o teu rumo vai levar-te a praias cheias de sorrisos e alegrias.

sábado, março 22, 2008

21 de Março - dia mundial da poesia

Há Poetas
Que São Artistas
E há poetas que são artistas
E trabalham nos seus versos
Como um carpinteiro nas tábuas!...
Que triste não saber florir!
Ter que pôr verso sobre verso, como quem constrói um muro
E ver se está bem, e tirar se não está!...
Quando a única casa artística é a Terra toda
Que varia e está sempre bem e é sempre a mesma.
Penso nisto, não como quem pensa, mas como quem respira,
E olho para as flores e sorrio...
Não sei se elas me compreendem
Nem se eu as compreendo a elas,
Mas sei que a verdade está nelas e em mim
E na nossa comum divindade
De nos deixarmos ir e viver pela Terra
E levar ao colo pelas Estações contentes
E deixar que o vento cante para adormecermos
E não termos sonhos no nosso sono.

in Poemas Inconjuntos Alberto Caeiro (heterónimo de Fernando Pessoa)

sexta-feira, março 14, 2008

Amigo

deixo-vos um magnifico poema de Alexandre O´neill com votos de um bom fim de semana.
Porque ter um amigo é tudo...
o sonho...
a vida


Mal nos conhecemos
Inauguramos a palavra amigo!
Amigo é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
Amigo (recordam-se, vocês aí, Escrupulosos detritos?)
Amigo é o contrário de inimigo!
Amigo é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado.
É a verdade partilhada, praticada.
Amigo é a solidão derrotada!
Amigo é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
Amigo vai ser, é já uma grande festa!


Alexandre O'Neill

domingo, março 09, 2008

as minhas desculpas

ontem foi dia da mulher e como tive um probleman no blog não pude postar nada..
agora fica aqui o reparo

porque ser mulher é ser autentica
ser torrente de sonhos
e imensa como o mar...
é não temer nos braços as tempestades
e acreditar no próprio ser
e é ser vida

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Durmo ou não?

Durmo ou não?
Passam juntas em minha alma
Coisas da alma e da vida em confusão,
Nesta mistura atribulada e calma
Em que não sei se durmo ou não.
Sou dois seres e duas consciências
Como dois homens indo braço-dado.
Sonolento revolvo omnisciências,
Turbulentamente estagnado.
Mas, lento, vago, emerjo de meu dois.
Disperto. Enfim: sou um, na realidade.
Espreguiço-me. Estou bem... Porquê depois,
De quê, esta vaga saudade?

Fernando Pessoa


Simplesmente porque tantas vezes me sinto assim.


boa semana

terça-feira, fevereiro 19, 2008

eu poema

Se eu hoje fosse
poema de mim próprio
seria um astro louco
um navegante sem porto

seria etereo vinho
nuns labios quaisquer
beata de cigarro
atiçada pelos ventos

se hoje eu fosse poema
o amor seria estrela
gravada no meu peito
como vulgar seta

e teu nome fonema
que numa inspiração
se fez ode..
e me fez profeta

e cada traço do teu rosto
seria guia
mapa do tesouro
dos meus sonhos

pudesse eu ser doce flor
bailar no teu sorriso
e aprender como as crianças
a inventar o amanhã

e cada pedaço de pele
que escrevo letra a letra
mais do que um poema seria grito
mais do que sopro encanto

e todo eu...todo o meu canto
seriam aves em bando a voar
na formação de um coração
para pertinho de ti.

domingo, fevereiro 17, 2008

O cupido


Um desenho da princesinha Ana de 10 aninhos acabados de fazer.


Quem dera que todo o amor fosse assim

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

para não adiar

procurava na internet um poema sobre o amor
em que o amor não surgisse ao de leve...
que permitisse afrontar os amores adiados..
que rompesse a logica do "temos tempo"...
"talvez amanha realizemos os sonhos"...
procurava um poema que ousasse afrontar a nudez das palavras..
expo-las como quem expoem os sentimemtos..
que se atrevesse a decapitar os medos sem renuncias.
so para falar dos sonhos


encontrei o poema Não posso adiar o amor....de António Ramos Rosa.
é um texto lindo que quero partilhar com vocés
boa semana.
talvez porque amanhã é dia dos namorados.


"Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob as montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração."


António Ramos Rosa

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

Para pensar e não ficar indiferente

Deixo-vos um poema de Bertolt Brecht chamado Aos que vierem depois de nós (tradução de Manuel Bandeira) para que não fiquemos indiferentes.

"Aos que vierem depois de nós

Realmente, vivemos muito sombrios!
A inocência é loucura. Uma fronte sem rugas
denota insensibilidade. Aquele que ri
ainda não recebeu a terrível notícia
que está para chegar.

Que tempos são estes, em que
é quase um delito
falar de coisas inocentes.
Pois implica silenciar tantos horrores!
Esse que cruza tranqüilamente a rua
não poderá jamais ser encontrado
pelos amigos que precisam de ajuda?

É certo: ganho o meu pão ainda,
Mas acreditai-me: é pura casualidade.
Nada do que faço justifica
que eu possa comer até fartar-me.
Por enquanto as coisas me correm bem
[(se a sorte me abandonar estou perdido).
E dizem-me: "Bebe, come! Alegra-te, pois tens o quê!"

Mas como posso comer e beber,
se ao faminto arrebato o que como,
se o copo de água falta ao sedento?
E todavia continuo comendo e bebendo.

Também gostaria de ser um sábio.
Os livros antigos nos falam da sabedoria:
é quedar-se afastado das lutas do mundo
e, sem temores,
deixar correr o breve tempo. Mas
evitar a violência,
retribuir o mal com o bem,
não satisfazer os desejos, antes esquecê-los
é o que chamam sabedoria.
E eu não posso fazê-lo. Realmente,
vivemos tempos sombrios.


Para as cidades vim em tempos de desordem,
quando reinava a fome.
Misturei-me aos homens em tempos turbulentos
e indignei-me com eles.
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra.

Comi o meu pão em meio às batalhas.
Deitei-me para dormir entre os assassinos.
Do amor me ocupei descuidadamente
e não tive paciência com a Natureza.
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra.

No meu tempo as ruas conduziam aos atoleiros.
A palavra traiu-me ante o verdugo.
Era muito pouco o que eu podia. Mas os governantes
Se sentiam, sem mim, mais seguros, — espero.
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra.

As forças eram escassas. E a meta
achava-se muito distante.
Pude divisá-la claramente,
ainda quando parecia, para mim, inatingível.
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra.

Vós, que surgireis da maré
em que perecemos,
lembrai-vos também,
quando falardes das nossas fraquezas,
lembrai-vos dos tempos sombrios
de que pudestes escapar.

Íamos, com efeito,
mudando mais freqüentemente de país
do que de sapatos,
através das lutas de classes,
desesperados,
quando havia só injustiça e nenhuma indignação.

E, contudo, sabemos
que também o ódio contra a baixeza
endurece a voz. Ah, os que quisemos
preparar terreno para a bondade
não pudemos ser bons.
Vós, porém, quando chegar o momento
em que o homem seja bom para o homem,
lembrai-vos de nós
com indulgência.
"


boa semana
sem resignações

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

PÉTALAS

O amor perdido é como um pétala de flor atirada aos ventos, possui as marcas do amor que se foi como se flor ainda fosse na sua juventude e ao mesmo tempo lembra algo que se perdeu como se o próprio coração morresse pétala a pétala.

quarta-feira, janeiro 30, 2008

um coisa que me veio a cabeça....

o amor está para a solidão como a lua cheia está para as pedras da calçada... verdadeiramente distantes... e tão intimamente próximos
talvez por isso gosto de andar a pé há noite nos dias de chuva...
é maravilhoso ver a lua reflectida nas poças de água...

terça-feira, janeiro 29, 2008

poeta ermita

poeta ermita
dos olhos lagrima
caminha à noite
como se bailasse
nos braços traz ancoras
...por atracar
memórias de redes...
que ficaram por estender

poeta ermita
vagueante de outros mares
de mãos calejadas...
de saudade
traz velas no peito
que ergue só para sonhares
e no coração...
a estrela da manhã
tesouro que eleva
como se desse a alma
só para te guiar
e te dizer...
que não importam os mares
ou tempestades
não importa o firmamento
tudo fará...
para que o teu sorriso...
sim o teu sorriso
possa brilhar.

segunda-feira, janeiro 28, 2008

O beijo

" Beijo-flor

O beijo é flor no canteiro ou desejo na boca?
Tanto beijo nascendo e colhido na calma do jardim nenhum beijo beijado (como beijar o beijo?) na boca das meninas e é lá que eles estão suspensos invisíveis"
[Carlos Drummond de Andrade ]




Mais uma vez o grande Drummond, O escritor das poesias simples e dos versos coloridos, o homem que sabe escrever o toque com a doçura das palavras e sabe transpor para os gestos a essencia dos sentidos.

Porque há sempre O BEIJO que apetecia dar...

sexta-feira, janeiro 25, 2008

em busca da definição... do teu sorriso

O teu sorriso
é uma flor ...
pura luz...
o amanhecer.
É a seiva da poesia
que corre na pele
...dos sonhos
canto frágil e terno
que acende as manhãs

o teu sorriso
é a pedra mais preciosa
do mais precioso dos tesouros
mistérios de piratas escondidos.
é o vento norte ..
que ergue as velas dos barcos
rumo ao sonho

O teu sorriso
é tudo isto
E depois de tudo isto...
É grito
Depois de tudo isto ....
É canto
Depois de tudo isto...
é mundo.

E eu
Vagabundo de poemas
canto-o
vivo-o
recordo-o
e sonho-o
como um dom imortal
a que o teu sorriso dá luz
Nesta minha louca sina de sentir

terça-feira, janeiro 22, 2008

há uma ausencia que se corroi no meu peito
uma vontade de não sonhar e de não ser
um fogo preso que se abafa no silencio
uma voz de louco sem medo de padecer

há um vazio que se escreve com palavras
momentos estranhos e vãos...
em que canto quando choro
e dou por mim a rir por não sonhar

e há uma noção de que se é rio sem ter margens
de que se é dia... sem anoitececer.
uma certeza de que seja qual for o rumo ou a viagem
a meta essa está sempre além de acontecer

e a certeza de que por maior que seja o pensamento
por mais profunda que seja a poesia
este vazio é sempre o mesmo...um barco sem ter cais...
ou apenas a dor que vou cantando para não esmorecer

sexta-feira, janeiro 11, 2008

momentos

prendem-se os sonhos ...
na algibeira
momentos de luz
não derribados
um sonho ....
que fica a espreita
de olhos bem fechados
um mundo que pousa...
num gesto...
num abraço...
num beijo...
num sopro...
numa flor...
numa pedra..
numa gota de água...
num sorriso...
numa carta com palavras
que o vento não levou
tanta alma...
tanto sonho...
tanto acaso...
a lembrança daquele encontro
essência de momentos
que não ficaram por escrever
que não ficaram por sentir...
porque afinal o mundo é tudo isto
momento a momento...
nesta caminhada de sonhos
em que aprendemos a viver
porque apesar dos medos
apesar das dores...
apesar dos males...
e dos desamores...
o sonho mora ...
eu sei que o sonho mora...
aqui..

domingo, janeiro 06, 2008

liberdade


escrevi um poema sobre as baleias para colocar esta imagem...
confesso... fi-lo com afinco...
queria que este fosse mais um post limpo e esteril...
queria dar-me... dar-me a vocés sem me tocar, sem me expor....
não foi tanto por autopreservação nem por desprendimento...
mais porque acho que as vezes me faltam temas... ou não me sinto muito a vontade a ser tema de mim próprio.
depois li o comentário da silvia e percebi o que ela queria dizer quando diz que o meu blog esta cá mas que eu não tenho estado...
depois percebi que ainda não postei nada este ano...
depois percebi que não vir cá esta a dar a ideia de uma distancia que não quero...
precisava de dizer-vos...
preciso de dizer-te silvia....
a ti sobretudo porque és a que mais me alertou para a distancia...
que nunca me fui embora...
que não fugi....
que não me afastei...
que são especiais para mim...
que conto convosco...
que acredito nos sonhos que vamos narrando...
o que se passa é que ando desinspirado...
não por me faltarem asas.....
não por não vencer amarras...
mas porque me falta engenho e arte para po-las no papel...
as vezes apenas aquele empurrão que me leva a soltar e a escrever..
sabem por certo o que quero dizer... sabem que já passei por isto e que voltei...
sabem que não se trata de estar mais ou menos feliz...
aqui para nós admito e assumo que apesar de compreensivel...
estou eu próprio a fartar-me da minha ausencia e talvez por isso exponho aqui a todos uma provocação que faço por telemovel a alguns de vocés quando me faltam temas....

ora bem ... costumo pedir a alguns de voces amigos uma palavra para a partir dela escrever um poema e deixar voar o sonho...

trata-se de uma forma de deixar espicaçar as ideias e desbloquear.
trata-se de convidar-vos a provocar-me...

se o fizerem por certo o silencio será vencido e até podem surgir coisas giras...


colaboram.....?????


abraço para quem for de abraço e beijo para quem for de beijo..


BOM 2008