Acerca de mim
- milhafre
- Quem sou eu...... as vezes queria ser apenas um escolho atirado aos ventos. outras a minha faceta de louco faz-me querer enveredar por caminhos que desconheço e espanto-me a mim próprio. diria que sou alguém que aspira a ser simples e a quem o corre corre dos dias parece estrangular as vezes deixando as palavras e os sonhos amordaçados na garganta. se um dia me for espero ser lembrado como um bom amigo .
sexta-feira, dezembro 11, 2009
vá lá
Mantém a fogueira acesa
Que eu tenho um frio na alma
E dentro de mim há um fogo
Que teima em só se acender quando sorris
Vá lá
Deixa de lado esse silêncio, deixa falar a emoção
Não precisamos de grilhetas nem prisões
Que não há lemas que cheguem aos corações
Se amordaçarmos os sentidos
Vá lá
Dança comigo esta noite
Solta essa música magica que só mora em ti
deixa-me compor-te uma balada
com os acordes da batida do coração
Vá lá
Mata-me a sede do corpo e da alma
Vem ser minha calma, senhora de todos os caminhos
Revira-me o mundo debaixo dos pés
Que eu quero trilhar rumos novos
Vá lá
Atraca-te a mim segura
Que os meus ombros estão ansiosos por ser cais
E os meus braços juraram suportar todos vendavais
Sem medo dos teus cansaços
Vá lá
Faz do meu corpo a tua ilha
Deixa-te adormecer no bater que me vai no coração
E só faz sentido ver a lua a brilhar
Sossegado no horizonte dos teus braços
Vá lá
Dá sentido à minha essência
Que eu estou farto da incongruência de ser barco sem rumo
E mesmo o maior dos sonhadores precisa de um prumo
Para dar cor aos sonhos que escrevo
Vá lá
sexta-feira, setembro 25, 2009
Dentro de Nós
Um querer ir sem rumo
Um não querer ser poema
Um ficarmos sós
Um passo qualquer a cair da linha
Num poço sem fundo
As vezes somos
Bússola sem norte
Heróis despidos dos fatos
Flores de pétalas sem cor
Notas musicais saídas do tom
Braços abertos …sem ter o que abraçar
As vezes somos
Ocasos sem nexo,
nados mortos
Vagabundos da existência
Piratas da abundância
Matadores de sonhos
As vezes somos
Vazios… marasmos…
Perdidos…
sofridos…
Escolhos atirados….
Dos rios da vida
As vezes somos
Náufragos de nós
Sem escutar… o sopro da alma que é a nossa voz…
Sem vermos… o palpitar dos sonhos bem dentro do peito…
Sem lermos…. o turbilhão das letras que mora nos sonhos …
Sem ousar… ir além no mapa.. mais além que o globo
Ir além ….de nós.…
as vezes
despojamo-nos dos sentidos
e somos figurantes de peças perdidas
elos de cristal quebrado
a dar tudo por tudo com o maior afinco…
sem temer morrer no cair do pano
as vezes teimamos…
em não querer sonhar
em não querer sentir
….o aperto no peito
…qualquer coisa renasce em nós
… uma réstia de luz
E não acreditamos
Que é nosso o destino
Que há sonho em nós
Que é hora de zarpar
Que são nossos os pés que trilham os caminhos
Que há um infinito além do olhar…
Por isso hoje este desabar
Por já não querer esconder
Por não temer ver-me derribar
Por não já não querer pensar
Por saber ser acaso além das naus
Buraco sem fundo acordado
Por isso hoje este meu contar
Porque há qualquer coisa a dizer que é hora de partir
Porque é preciso zarpar para não me findar
Porque vos levo a todos nas memórias que guardo no olhar
Sonhos que idealizei e não consegui
Cometas alados a suplicar …Estrelas doces de devir
Porque sei que ainda vou sorrir
Por tudo o que ainda tiver de ser.
Vagabundo saltimbanco por sorrisos
Pirata acrobata com perna de cristal…
Actor louco em busca da ode triunfal
Um nada que se finda e recomeça
Renasce e triunfa num abraço.
Porque sei que onde for Levo comigo
Pedaços de tudo o que já fui,
Lembranças de noites sem dormir
E por maior que seja a dor da ausência
Talvez possa compreender que afinal me achei
nos momentos em que me perdi e em vão me dei
quinta-feira, setembro 03, 2009
O amor .. outra vez o amor... entre o amor e o nada
João Cabral de Melo Neto
sábado, agosto 22, 2009
não queria sentir...
porque não ando a sentir nada...
porque pareço anestesiado...
porque quase nada me da prazer...
porque me começo a conformar com este vazio...
porque começo a duvidar se faz sentido continuar à procura do que busco...
porque sei que se encontar vou estragar tudo...
porque gostava de ser ermita...
gostava de não me corroer por dentro...
porque já nem corroer-me por dentro me doi
terça-feira, agosto 18, 2009
loucura .. segundo Albert Camus
HÉLICON: - Bem sabes que nunca penso. Sou demasiado inteligente para tal.
CALÍGULA: - Bom. Enfim! Mas não estou louco e até nunca fui tão razoável. Simplesmente, senti em mim um súbito desejo de impossível.
(pausa)
As coisas, tal como estão, não me parecem satisfatórias.
HÉLICON:- É uma opinião bastante difundida.
CALÍGULA: - É verdade, mas antes não o sabia. E agora sei.
(Sempre natural.)
O mundo, assim como está, não é suportável. Por conseguinte, preciso da lua ou da felicidade, ou da imortalidade, de qualquer coisa que seja loucura, talvez, mas que não pertença a este mundo.
HÉLICON: - É um raciocínio lógico, mas geralmente não se pode levar até o fim.
CALÍGULA: (erguendo-se, mas sempre com simplicidade)
- Isso é que tu não sabes. Não se consegue nada precisamente porque nada se leva até o fim. Mas talvez baste levar a lógica ao extremo limite.
(encarando Hélicon)
Bem sei o que estás pensando. Tanta história pela morte duma mulher! Não, não se trata disso. Parece-me recordar, é certo, que há dias morreu uma mulher que eu amava. Mas que é o amor? Pouca coisa. Essa morte não é nada, juro; é apenas o indício duma verdade que me torna a lua necessária. É uma verdade clarissima, ate simplória, mas difícil de descobrir e dura de suportar.
HÉLICON: - E que verdade é essa, Caio?
CALÍGULA: (voltado para o lado e em tom neutro)
- Os homens morrem e não são felizes."
Albert Camus, Calígula
terça-feira, agosto 11, 2009
Noite e tu
Nas horas paradas vazias.
Nos gritos perpétuos sem sonho,
no vazio solitário em que a mente se despe
e a alma se abandona.
A noite pede sonho e canto.
Por todo o encanto parado.
Todas as horas desligadas.
Todo o fado fadado.
A noite pede sorrisos...
longe das dores, pelos aconchegos.
longe das mágoas pelas essências.
longe da desilusão pela persistência do sonho.
Longe do cansaço pela esperança,
longe de todos os medos pela inocencia.
De todos os mal me queres por todos os bem quereres.
De todas as escuridoes pela mais bela das luzes.
Ha uns dias a minha noite pedia tudo...
aconchego,
esperança,
luz,
a poesia que tinha perdido ....
nas palavras que tinha deixado de encontrar...
magia...
Foi então que viéste...
que veio o teu sorriso e o teu abraço,
a promessa da essência da amizade ,
a possibilidade de sonhar,
foi então que contigo ...
Só contigo...
veio tudo.
sexta-feira, agosto 07, 2009
as vezes é tempo....
As vezes é tempo...
De partir sem querer voltar
De ser papel solto ao vento
De ser gota de agua em todo o mar
As vezes é tempo....
de ser barca sem ter cais
de se querer ser não sendo
de ser mais um entre os demais
as vezes é tempo....
de largar amarras e zarpar
despir as vestes de todos os compromissos
vencer todos os medos, todos os males
as vezes é tempo... todo o tempo....
de sermos nós
de sermos alma solta
de ouvir… apenas ouvir…
sexta-feira, junho 05, 2009
Tianaanmen - 20 anos... Porque não podemos esquecer
O Protesto na Praça da Paz Celestial (Tian'anmen) em 1989, mais conhecido como Massacre deTianaanmen, ou ainda Massacre de 4 de Junho consistiu numa série de manifestações lideradas por estudantes na República Popular da China, que ocorreram entre os dias 15 de abril e 4 de junho de 1989. O protesto recebeu o nome do lugar em que o Exército Popular de Libertação Chinês suprimiu a mobilização: a praça Tiananmen, em Pequim.
Os manifestantes (por volta de cem mil) eram oriundos de diferentes grupos, desde intelectuais que acreditavam que o governo do Partido Comunista Chinês era demasiado repressivo e corrupto, a trabalhadores da cidade, que acreditavam que as reformas económicas na China eram demasiado lentas e que a inflação e o desemprego estavam a dificultar as suas vidas.
O acontecimento que iniciou os protestos foi o falecimento de Hu Yaobang( lider político chinês com tendências mais reformistas que as de Deng Xiaoping, que fora incapaz de reprimir os movimentos de estudantes de 1986)
Os protestos consistiam em marchas pacíficas nas ruas de Pequim.
Face a esses protestos o Partido Comunista Chinês decidiu usar a força mobilizando o exercíto contra os manifestantes ao invés de procurar ouvir suas reivindicações.
Em 20 de maio, o governo declarou a lei marcial e, na noite de 3 de junho, enviou os tanques e a infantaria do exército à praça de Tiananmen para dissolver o protesto.
A 4 de junho os protestos e a repressão agudizam-se.
As estimativas das mortes civis variam: 400 a 800 (segundo o The New York Times), 2 600 (segundo informações não identificadas da Cruz Vermelha chinesa) e sete mil (segundo os manifestantes).
O número de feridos estima-se entre sete mil e dez mil..
O governo chinês decretou ainda prisões em massa para suprimir os líderes do movimento, , o número de presos ainda continua por ser revelado e alguns deles ainda estão detidos ou desaparecidos.
Depois expulsou a imprensa estrangeira e controlou completamente a cobertura dos acontecimentos na imprensa chinesa.
A repressão do protesto pelo governo da República Popular da China foi condenada pela comunidade internacional.
No dia 5 de junho, um jovem solitário e desarmado invade a Praça da Paz Celestial e anonimamente faz parar uma fileira de tanques de guerra, tal como se pode ver na foto do fotografo americano Jeff Widener da Associated Press numa imagem que correu o mundo e que se tornou um icon daquela luta.
O rapaz, de cuja identidade nunca foi revelada ficou conhecido como "o rebelde desconhecido" e foi eleito pela revista Times como uma das pessoas mais influentes do século XX.
A sua coragem para mim e para tantos outros da minha geração tornou-se um exemplo de liberdade e de sonho, dai que tenha feito este post sobre Tian'anmen … porque alguns de vocês que me lêem são novos de mais para saberem o que se passou…
Porque alguns de vocés já se esqueceram.
Porque o governo chinês quer por tudo abafar este episódio trágico da história daquele povo.
Porque não podemos, não poderemos esquecer.
quarta-feira, maio 06, 2009
Homenagem a Vasco Granja (1925-2009)
Vasco Granja (nascido em 1925) foi um apresentador de televisão português, reconhecido pelo seu grande contributo para a divulgação da animação e da banda desenhada em Portugal.
Apaixonado desde miúdo pelo cinema, Vasco Granja esteve envolvido no movimento cineclubista dos anos cinquenta. A sua relação com os movimentos de oposição ao Estado Novo e ao Partido Comunista Português valeram-lhe duas prisões pela PIDE, uma delas durante dezasseis meses, onde sofreu em Peniche várias torturas físicas e psicológicas, como a tortura do sono.
Em 1974 inaugurou um novo programa na televisão, "Cinema de Animação", que duraria 16 anos. Nesses programas, dava a conhecer a animação de todo o mundo, desde aquela que era realizada nos países do leste da Europa, até à proveniente da América do Norte. Pretendia, com o seu programa, divulgar, para além da própria animação, uma mensagem de paz, que considerava estar presente em muitos dos filmes da Europa de Leste que transmitia.
domingo, abril 26, 2009
mas é a mente que os possui
Há pessoas que amam o poder,
e outras que tem o poder de amar... "
"...Difícil não é lutar por aquilo que se quer, e sim desistir daquilo que se mais ama.
Eu desisti. Mas não pense que foi por não ter coragem de lutar, e sim por não ter mais condições de sofrer..."
Bob Marley
Porque estas palavras me envolveram a alma e o espirito... e deram sentido ao lado de la do amor, o lado onde mora a entrega suprema, a dádiva mas ao mesmo tempo a necessidade de ... depois de darmos tudo... seguirmos em frente pra continuar vivos.
bem ajam
quarta-feira, abril 01, 2009
sonho
porque este texto escrito há anos por uma amiga podia hoje ser o meu texto... porque há um vendaval de sonhos que surgem e se desfazem... um não sei que de poesia que nasce e se esgota em mim.
porque há uma sede de corpo que não se sacia e a alma essa enche a vida até transbordar de sonhos.
sábado, março 28, 2009
Feliz Dia do Teatro
Os fazedores de sonhos
Os contadores de estrelas
Os domadores de luzes
Os aprendizes da imaginação
Porque hoje se brinda
Cada subir de palco
A contenção do gesto
A voz dos silêncios
A magia dos sentidos
Porque hoje se brinda
O sonhar sem fim
O ser mais que o próprio sonho
O recriar da vida
O sorver da luz
Porque hoje se brinda
O amor e o ódio
A paz e a guerra
A vida e a morte
O dia a acontecer em cada peça
Porque hoje se brinda
O olhar e o gesto
A contenção e o êxtase
Os beijos e as lágrimas
Uma mão erguida por todas as mãos erguidas
Porque hoje se brinda
O dito e o não dito
O expresso e o oculto
Tudo o que se diz
E a força do que não se diz e que se sente
Porque hoje se brinda
A Moliere, a Gil Vicente, a Brecht
A todos os recriadores da vida
Que inconformados com a apatia do finito
Não deixam de rescreve-lo e conta-lo
Porque hoje se brinda
O nervoso miudinho e as superstições
A tudo de nós que se empresta aos personagens
A toda a entrega, tanta entrega, tanto querer
A ousadia de nascer e ir morrendo peça a pós peça.
Porque hoje se brindam
Às plateias cheias
Às gargalhadas e suspiros que deixam de estar amordaçados
Ao prazer que se desmancha em palmas
Aos silêncios cúmplices que dizem tanto
Porque hoje se brinda
ao teatro
aos actores
aos encenadores
ao publico
brindo a todos vocês que no palco
com amizade, engenho e alma...
amam o teatro, amam o sonho
e são corrente desta arte, deste respirar deste sorver
deste saber ser que só se é no palco
Pedro Antunes
27-03-09
nota:
este texto é dedicado às várias gerações de aprendizes de actores que conheci no Tea-to e que me brindaram com a sua amizade, é uma sentida e sincera homenagem dada a alguém que ousa sonhar e ser grande.
bem hajam
domingo, março 22, 2009
porque hoje a poesia não mora em mim
segunda-feira, março 09, 2009
DOI
e a dor dilacera...
torna-nos aparentemente vazios...
lança-nos no vácuo...
como se caissemos do ninho ainda sem saber voar...
mas na queda de súbito...
quando já não esperavamos....
quando pareciamos condenados....
abrimos os braços...
dos braços surgem-nos asas..
a pele ferida transforma-se em penas...
e vemos que os céus que davamos a outrem,
os céus mesmos céus que colorimos com o que sentimos...
afinal são nossos...
e descobrimos que merecemos sonha-los por inteiro....
.... sonhar-nos por inteiro....
sonhar até sermos mais que o próprio sonho.
um comentario a um post da fenix santiagra que quis partilhar aqui.
beijo para quem for de beijo, abraço para quem for de abraço...
ou como diz alguem que admiro pela simplificação que dá a todas as coisas
abreijos :-)
quinta-feira, março 05, 2009
vento
terça-feira, fevereiro 24, 2009
um poeta
que desaprendeu de voar
não por ter medo do céu
mas por se ter esquecido simplesmente
que as penas das suas asas
não são feitas de palavras
sábado, fevereiro 14, 2009
quarta-feira, fevereiro 11, 2009
um dia destes
dispo-me de preconceitos....
renego os maiores preceitos éticos...
e beijo....
beijo a primeira desconhecida que encontrar...
so pelo beijo....
so para sentir...
so para não escrever
segunda-feira, fevereiro 09, 2009
desculpa-me
Dei por mim a pensar na pessoa que colocou a faixa lá...
na razão de tal gesto...
no acto praticado que levou ao pedido de desculpas....
na pessoa a quem se pediu desculpas...
no tempo que devia fazer quando esse alguém que pediu desculpas colocou a faixa lá...
no quanto deve ter custado prender a faixa, no esforço que a pessoa que a colocou, ele ou ela, deve ter feito....
no quase milagre que é a faixa ainda estar lá.... ainda continuar erguida....
ainda continuar a pedir desculpas ...
por expiação do acto praticado...
para lembrança do gesto de pedir desculpas...
por testemunho do sentimento magoado de quem se pede reconsideração...
Depois pensei na reacção da pessoa a quem se destinava a mensagem...
na reacção da pessoa ele ou ela que percebeu que a mensagem era para si...
na reacção que a mensagem deve ter desencadeado nela ou nele.
na duvida sobre se o pedido de desculpas foi aceite ou não....
na esperança quase indiscreta de que tenha sido....
de que a relação entre os dois... sejam eles quem forem se tenha refeito...
Depois pensei nas pessoas que não sendo destinatárias da mensagem se sentiram enquanto tal.
Nas pessoas que pensaram que foi o seu namorado ou namorada que colocou a faixa lá e que a sentiram como sua.
nas pessoas magoadas com a vida que sentiram que era a própria vida que lhes pede desculpa pelas maleitas e se sentiram assim reconfortadas...
Ou simplesmente nas pessoas que como eu leram a mensagem e viram nela um novo alento para este dia, apesar do frio, apesar da chuva, apesar do vento... apesar de ser inicio de semana...
Depois de tudo isto, por toda a reflexão que fiz e por todas reflexões que as pessoas que passarem por lá fizerem sobre aquela faixa, ao sentirem aquela faixa, só há uma constatação que me assalta a memória....
a verdade é que as vezes a vida é feita de pequenos grandes gestos, pequenos grandes sonhos....
a poesia também....
por isso mesmo sabendo que o texto não é para mim e que não fui eu o autor de tal pedido.... atrevo-me a dizer....
desculpamos-te....
espero que ele ou ela também...
bom dia
domingo, fevereiro 01, 2009
Paris - mais um filme a não perder
Esta não é uma história de pessoas importantes, com enredos especiais.
sexta-feira, janeiro 30, 2009
A cor dos dias
Quando deus criou o mundo, o mundo era escuro.
Negro como a noite mais negra.
Tão escuro, que nele reinava o maior dos silêncios,
o maior dos vazios.
Então cansado da escuridão
deus criou o sol
na esperança de que ele iluminasse o mundo
e desse vida a sua obra.
Então o sol nasceu.
Forte.
Radioso.
Vivo.
E assim nasceu a cor amarela
nos seus raios
E o sol passou a iluminar os céus.
Graças ao seu brilho surgiram as aves
e o sol foi tomando o seu lugar
Dia a dia.
Hora a hora.
Minuto a minuto.
Segundo a segundo
Até que ficou cansado.
Tão cansado que teve de pedir ao deus
que o deixasse descansar.
E deus ao ver que o amarelo do sol
estava aos poucos a ficar fraco
percebeu o cansaço do sol
e pediu que o sol o avisasse
quando fosse a hora de nanar.
Assim surgiu o por do sol
e com ele o laranja das suas cores.
Mas com o deitar do sol regressava o escuro
e com o escuro o silêncio.
Então deus criou a lua e as estrelas
E estas passaram a receber o brilho que o sol lhes dava.
Depois devolviam-no ao universo
Espalhadas pelo céu numa dádiva pura.
Tão pura que o amarelo do sol
se tornou ainda mais cristalino
e assim nasceu o branco.
Deste modo os dias de sol
passaram a dar lugar às noites de lua
e fizeram-no tantas vezes
e de uma forma tão terna
que o radioso sol se apaixonou pela terna lua
e a lua aos poucos também se foi apaixonando pelo sol.
O problema é que nem o sol nem a lua podiam estar juntos
e assim ficaram tristes.
Dessa tristeza surgiu o cinzento das nuvens e a chuva.
Deus ao ver tanta dor
lá aceitou que eles se beijassem de vez em quando
e assim nasceram os eclipses.
Graças a esses beijos de vez em quando
o sol e a lua voltaram a ser alegres
e a tomarem o seu lugar no céu
um após o outro.
Como a lua era vaidosa pediu a deus um espelho
e assim deus criou o mar para que a lua se pudesse ver.
Foi assim que surgiu o azul
e assim puderam nascer os peixes para o habitar.
o amor do sol e da lua era tão intenso
que aos poucos a terra que antes era negra e sem vida
se foi tornando fértil e castanha .
Foi assim que surgiram as árvores e as flores
e com elas o verde das suas ramagens
que passaram a cobrir os campos e vales.
Foi assim também que surgiram os restantes animais
testemunhas do amor do sol pela lua.
E esse amor era tão intenso
que deus resolveu criar
os seres humanos
para que contassem esse amor
de geração em geração,
para que procurassem viver ao longo da sua vida
amores iguais…
Amores Perfeitos...
e assim os homens
foram incumbidos dessa procura.
Algo que era mais que receber.
Era um dar puro.
Uma partilha pura
para ser vivida
dia a dia
noite a noite.
De sol a sol
de lua a lua.
Para lembrar os homens dessa missão
deus criou o violeta
e com ele coloriu as pétalas de uma flor
a quem chamou amor-perfeito
para que nenhum homem se esquecesse da sua busca
e se tornasse cinzento.
Porque afinal a cor dos dias.
A cor de todos os dias
é a cor que dermos aos outros
nos nossos sorrisos.