terça-feira, junho 27, 2006

O amor é um lugar estranho

Ele sentou-se diante dela no metro, vinha com um apressado e intranquilo, trajava uma gabardina castanha à H. Bogard, molhada pela chuva que caia lá fora...
Com efeito chovia lá fora... não.. não se tratava daquela chuva miudinha de verão que até sabe bem... de facto era verão... mas a chuva caia em torrentes de um céu cinzento tão cinzento que ameaçava tornar noite o dia...
- Mais um dia de férias arruinado – Esta ideia assaltou-lhe o pensamento, com efeito tinha passado um ano inteiro à espera daquela réstia de liberdade anual que nos reservam a nós adultos - nestas alturas pensasse em mar, pensasse em areia, viagens, pensasse naquela bebida que finalmente pode ser bebida sem tempo, deitado na esplanada... Nestas alturas pensasse em fazer aquilo que não se pode fazer durante o resto do ano... não se pensa é que vai chover precisamente nesses dias...quase que por mau Karma, quase que por praga..
Talvez esse pensamento tenha deixado nele um olhar apreensivo... talvez tenha tornado o castanho do olhar dele mais cinzento, ninguém poderá sabe-lo... nem mesmo ele, nem mesmo ela... a verdade é que o olhar dela crispou-se quando o viu sentar-se perto de si....
A verdade é que ela apressadamente procurou refugiar o seu olhar debaixo do livro que passou a fingir.. e fingia ler ... sim ... fingia... a menos que possuísse um estranho dom de ler os livros ao contrário.
Ele reparou nisso... mas não percebeu que assustará... não pensou poder assustar assim alguém... encarou a atitude dela como um receio típico de quem vive numa cidade grande, povoada de mitos urbanos... por perigos imaginários ou não que impedem as pessoas de comunicar... sim ... o que ele achou que se passava é que ela era mais uma daquelas pessoas da cidade que tem a mania da perseguição... talvez idêntica aquela que no outro dia fugira para o outro lado da rua quando ele lhe perguntou as horas... sabe deus o embaraço que ele passou... e ainda por cima teve de explicar ao policia que estava próximo o que se passou ... e convence-lo que ele não era nenhum assaltante....
- Não desta vez nem sequer vou arriscar falar... – pensou ele .... talvez por isso não tenha reparado nos cabelos louro cristalino dela, naqueles cabelos cujos caracóis tombavam sobre o rosto dela como raios de sol.. .no seu olhar verde cor do mar, naquele sorriso terno capaz de lembrar o calor terno da areia quando nos deitamos nela... naquele corpo hirto e doce delineado debaixo daquele vestido laranja alegre...
Metidos dentro das suas carapaças...ele por a achar anti-social... ela por temer aquele estranho olhar que ele trazia... fizeram calados as dez estações que restavam até que ela chegasse ao destino dela.. Então ela arrumou as coisas e levantou-se, já se dirigia à porta quando ele a chamou e se dirigiu a ela...ela pensou que ele a ia magoar... pensou em fugir... mas o medo foi tanto que ela não conseguiu sequer dar um passo... ele aproximou-se dela e para espanto dela entregou-lhe o livro que ela tinha deixado esquecido no banco... – “O amor é um lugar estranho” – Bom livro... disse-lhe ele... disse-o de uma forma doce, melancólica... pura... tão pura que ela reparou se súbito na pureza do olhar dele agora não enevoado pela chuva, mas encantado pela beleza dela... sim... ele tinha ficado deliciado pela beleza terna dela... ela era o verão personificado, o verão que os dias de chuva queriam aprisionar sem conseguir... o verão que ele tinha esperado não todo o ano mas toda uma vida... o seu verão.
Talvez por isso, quando os dedos dos dois se tocaram quando ele lhe deu o livro, naqueles breves segundos sentiram a união da alma...a união dos corpos... sentiram qualquer coisa de especial quente e radioso como uma torrente de lava que vem do ventre da terra mãe... e ficaram segundos a olhar-se...segundos que pareciam ser sem fim... mas que terminaram quando a campainha anunciou proximidade do fecho da porta e ela teve de sair...
Ela saiu...ficou a ver o metro partir... ele não teve tempo para esboçar qualquer reacção vidrado que estava no encanto dela....
Desde aí ele anda de metro todos os dias e faz vezes e vezes aquele percurso na esperança de a encontrar... e embora não tenha tido sucesso ...embora nunca mais a tenha visto... alimenta uma secreta esperança de que o verão ... aquela personificação do verão da sua vida volte a sorrir-lhe... se isso acontecer ele sabe que não a deixará fugir, sabe que irá contar-lhe o seu amor eterno... sabe que ela o irá amar...
Perguntam-se vocês se isso acontecerá algum dia... querem saber... nem eu sei...
Porque não... afinal o AMOR É UM LUGAR ESTRANHO... não é ...

4 comentários:

Anónimo disse...

olaa*

Pois estou ausente, mas nao por minha vontade...

Estou sem net, a tecnologia sempre tao prestavel, também tem as suas falhas, mas em breve espero voltar com e dar a tençao que este espacinho merece :) !!

Ate breve!


Beijinhooooooo *



Menina do Olhar

Anónimo disse...

tenh pressa.. exame amanha..

fiquei sem perceber se percebest que o 3º bjinho era pa ti* pedro.. pl tua omnipresença..
ms espero q sim*

volto cm mais tempo*
bjinho*

Anónimo disse...

espero q este verão seja o teu verão..

bjinho*

Anónimo disse...

Hum com um sentido negativo ou nao, com dor ou cruzados de alegria ignorando o resto, somos o que sentimentos, por isso, e talvez daí nao precise nada mais pa aperciar o teu comentario como ele merece!
mas lembra te ninguém nasce sozinho ainda que por vez se desloque no espaço sem companhia, mil harmonias, de cor mortas, de cores vivas chamam por nós, está na altura de lhe darmos ouvidos!!

=) !


Beijinhoooo * e obrigadoo !

Permite-me também deixar aqui no teu e tao nosso espacinho um beijinho tambem para o menino L. Monsanto Bloom Sandoval plo comment =) ! Amanha vou acordar outra vez ;) !


Beijinhooooooooooooooooo *

p.s- Quando poder volto com mais calma :) !



Menina do Olhar