Ele sentou-se diante dela no metro, vinha com um apressado e intranquilo, trajava uma gabardina castanha à H. Bogard, molhada pela chuva que caia lá fora...
Com efeito chovia lá fora... não.. não se tratava daquela chuva miudinha de verão que até sabe bem... de facto era verão... mas a chuva caia em torrentes de um céu cinzento tão cinzento que ameaçava tornar noite o dia...
- Mais um dia de férias arruinado – Esta ideia assaltou-lhe o pensamento, com efeito tinha passado um ano inteiro à espera daquela réstia de liberdade anual que nos reservam a nós adultos - nestas alturas pensasse em mar, pensasse em areia, viagens, pensasse naquela bebida que finalmente pode ser bebida sem tempo, deitado na esplanada... Nestas alturas pensasse em fazer aquilo que não se pode fazer durante o resto do ano... não se pensa é que vai chover precisamente nesses dias...quase que por mau Karma, quase que por praga..
Talvez esse pensamento tenha deixado nele um olhar apreensivo... talvez tenha tornado o castanho do olhar dele mais cinzento, ninguém poderá sabe-lo... nem mesmo ele, nem mesmo ela... a verdade é que o olhar dela crispou-se quando o viu sentar-se perto de si....
A verdade é que ela apressadamente procurou refugiar o seu olhar debaixo do livro que passou a fingir.. e fingia ler ... sim ... fingia... a menos que possuísse um estranho dom de ler os livros ao contrário.
Ele reparou nisso... mas não percebeu que assustará... não pensou poder assustar assim alguém... encarou a atitude dela como um receio típico de quem vive numa cidade grande, povoada de mitos urbanos... por perigos imaginários ou não que impedem as pessoas de comunicar... sim ... o que ele achou que se passava é que ela era mais uma daquelas pessoas da cidade que tem a mania da perseguição... talvez idêntica aquela que no outro dia fugira para o outro lado da rua quando ele lhe perguntou as horas... sabe deus o embaraço que ele passou... e ainda por cima teve de explicar ao policia que estava próximo o que se passou ... e convence-lo que ele não era nenhum assaltante....
- Não desta vez nem sequer vou arriscar falar... – pensou ele .... talvez por isso não tenha reparado nos cabelos louro cristalino dela, naqueles cabelos cujos caracóis tombavam sobre o rosto dela como raios de sol.. .no seu olhar verde cor do mar, naquele sorriso terno capaz de lembrar o calor terno da areia quando nos deitamos nela... naquele corpo hirto e doce delineado debaixo daquele vestido laranja alegre...
Metidos dentro das suas carapaças...ele por a achar anti-social... ela por temer aquele estranho olhar que ele trazia... fizeram calados as dez estações que restavam até que ela chegasse ao destino dela.. Então ela arrumou as coisas e levantou-se, já se dirigia à porta quando ele a chamou e se dirigiu a ela...ela pensou que ele a ia magoar... pensou em fugir... mas o medo foi tanto que ela não conseguiu sequer dar um passo... ele aproximou-se dela e para espanto dela entregou-lhe o livro que ela tinha deixado esquecido no banco... – “O amor é um lugar estranho” – Bom livro... disse-lhe ele... disse-o de uma forma doce, melancólica... pura... tão pura que ela reparou se súbito na pureza do olhar dele agora não enevoado pela chuva, mas encantado pela beleza dela... sim... ele tinha ficado deliciado pela beleza terna dela... ela era o verão personificado, o verão que os dias de chuva queriam aprisionar sem conseguir... o verão que ele tinha esperado não todo o ano mas toda uma vida... o seu verão.
Talvez por isso, quando os dedos dos dois se tocaram quando ele lhe deu o livro, naqueles breves segundos sentiram a união da alma...a união dos corpos... sentiram qualquer coisa de especial quente e radioso como uma torrente de lava que vem do ventre da terra mãe... e ficaram segundos a olhar-se...segundos que pareciam ser sem fim... mas que terminaram quando a campainha anunciou proximidade do fecho da porta e ela teve de sair...
Ela saiu...ficou a ver o metro partir... ele não teve tempo para esboçar qualquer reacção vidrado que estava no encanto dela....
Desde aí ele anda de metro todos os dias e faz vezes e vezes aquele percurso na esperança de a encontrar... e embora não tenha tido sucesso ...embora nunca mais a tenha visto... alimenta uma secreta esperança de que o verão ... aquela personificação do verão da sua vida volte a sorrir-lhe... se isso acontecer ele sabe que não a deixará fugir, sabe que irá contar-lhe o seu amor eterno... sabe que ela o irá amar...
Perguntam-se vocês se isso acontecerá algum dia... querem saber... nem eu sei...
Porque não... afinal o AMOR É UM LUGAR ESTRANHO... não é ...
Acerca de mim
- milhafre
- Quem sou eu...... as vezes queria ser apenas um escolho atirado aos ventos. outras a minha faceta de louco faz-me querer enveredar por caminhos que desconheço e espanto-me a mim próprio. diria que sou alguém que aspira a ser simples e a quem o corre corre dos dias parece estrangular as vezes deixando as palavras e os sonhos amordaçados na garganta. se um dia me for espero ser lembrado como um bom amigo .
terça-feira, junho 27, 2006
domingo, junho 25, 2006
Portugal ...
Sei que não costumo falar de futebol... mas quando se sofre como sofremos hoje contra a Holanda, quando há a entreajuda que houve dentro e fora do campo... quando se dá um safanão na injustiça e se superam as dificuldades... quando se vencem os nosso limites e se encontram forças para continuar a lutar... o futebol também acaba por ser poetico...
Obrigado Scolari, obrigado Ricardo... obrigado Figo... Obrigado Selecção... Força Portugal
P - Poesia
O- Optimismo
R- Respeito
T- Trabalho
U- União
G - Garra
A- Amor
L- Liberdade
O sonho é nosso...
Obrigado Scolari, obrigado Ricardo... obrigado Figo... Obrigado Selecção... Força Portugal
P - Poesia
O- Optimismo
R- Respeito
T- Trabalho
U- União
G - Garra
A- Amor
L- Liberdade
O sonho é nosso...
sexta-feira, junho 23, 2006
quinta-feira, junho 22, 2006
Hercule Savinien Cyrano de Bergerac(1619-1655)
E depois, morrer não é nada, é terminar de nascer
In "A Morte de Agripina"
Soldado francês, satírico, e dramaturgo, cuja vida foi a base de muitas lendas românticas mais ou menos exageradas, sendo a mais conhecida delas a peça de Edmond Rostand, Cyrano de Bergerac escrita em 1897.
A maior obra de Bergerac foram dois contos sobre viagens fantásticas publicados após a sua morte : Historie Comique Des États Et Empires De La Lune, (1657) e L'historie Comique Des États Et Empires Du Soleil (1962)
Em 1676 surge uma compilação de trabalhos de Cyrano que incluem o "poem of Mazarin” (1602-61), uma crítica severa ao cardeal Manzarin.
Segundo Arthur C. Clarke, Cyrano deve ser tido como a primeira pessoa a falar de viagens de foguetão no espaço e o inventor dos foguetes.
O Verdadeiro Cyrano de Bergerac tinha em vida, muito pouco em comum com o herói da peça de Rostand. Ele nasceu Paris, e foi educado por um padre na cidade de Bergerac. Mais tarde foi estudar para o colégio de Beauvais.
Depois de se tornar famoso como boémio e lutador de duelos, alistou-se aos 20 anos no exercito. Contudo era individualista e tinha problemas em ajustar-se a disciplina- opunha-se as guerras e à pena de morte.
O seu espírito humanitário foi reconhecido pelos seus contemporâneos e pelas gerações seguintes. Os retratos dele elaborados por Doyen, feitos depois de Heince, mostram um homem especialmente sorridente, com um pequeno bigode e um avantajado nariz.
Cyrano foi ferido gravemente duas vezes, uma durante uma luta com a Guarda Gasconha (fiel a Mazarin e Richelieu e rival dos nossos conhecidos mosqueteiros do Rei), e outra durante a Batalha de Arras em 1640.
Nesta última foi ferido no pescoço com uma espada, nunca tendo recuperado completamente.
No ano seguinte desiste da carreira militar e vai estudar com o matemático e filósofo Pierre Gassendi.
Influenciado pelas teorias e Gassendi e pela filosofia libertina, escreve histórias de viagens imaginárias à lua e ao sol e satiriza a visão da humanidade e da terra como o centro da criação. Opôs-se também à ideia de Descartes de que os animais são criaturas sem alma.
Na sua viagem imaginária à lua Cyrano embarca num aparato mecânico, potenciado por foguetes que classifica como um pássaro por ter sido concebido com duas pernas.
Na sua Segunda viagem é julgado por um tribunal de aves pelos crimes da humanidade. Cyrano defende-se dizendo que não é um ser humano mas um macaco.
Em 1654, Cyrano de Bergerac publica as peças “LA MORT D'AGRIPPINE“ obra que foi acusada de blasfemia, e LE PÉDANT JOUÉ”, na qual Moliere se inspirou, ou plagiou para escrever parte da sua peça “The Cheats of Chapin”, (salvo erro o segundo acto da mesma).
Cyrano de Bergerac morreu em Paris a 28/07/1655, na sequência de ferimentos provocados pela queda de um barrote de uma obra sobre a sua cabeça .
A peça de Rostand “Cyrano de Bergerac” descreve as aventuras de um homem notável do século XVII, famoso pelo seu grande nariz e pelas suas qualidades de espadachim.
Nela Cyrano ama apaixonadamente a bela Roxane, mas apesar disso aceita ajudar Christian, a conquista-la.
Apesar de alguns historiadores considerarem exagerada a faceta heróica que Rostand confere a Cyrano, ele é reconhecido como um grande escritor de romances filosóficos e um amante apaixonado.
Registo Das Obras Principais
La Mort D'agrippine, 1654 - The Death Of Agrippine
Le Pédant Joué, 1654 - The Pedant Imitated
Historie Comique Des États Et Empires De La Lune, 1657 - Selenarchia: The Government Of The World In The Moon / The Comical History Of The States And Empires Of The Moon
L'historie Comique Des États Et Empires Du Soleil, 1662 - Other Worlds: The Comical History Of The States And Empires Of The Sun - (Both Books, Moon And Sun, Trans. By Geoffrey Strachan, 1965)
Œuvres Comiques, Galantes Et Littéraires, 1858
Les Œuvres Libertines, 1921
Lettres D'amour Et Lettres Satiriques, 1932
Œuvres, 1957
Voyage Dans La Lune, 1977
Œuvres Complètes, 1978
Nota :
Esta biografia de Cyrano é resultado de uma pesquisa que fiz, talvez porque há nele algo com que me identifico.
Optei por coloca-la aqui para partilhar com vocês a minha admiração pelo homem notável que foi Cyrano, sobretudo no que respeita à dimensão humana independentemente do enredo fabulástico de Rostand... não que esteja contra Rostand, não que esteja contra a fábula, depois e se é verdade que Cyrano foi um espadachim notável, um filósofo e percursor das viagens espaciais es e é sabido que ele escreveu as cartas de amor que escreveu e é capaz de falar do amor e da vida da forma intensa em que o faz na peça a Morte de Agripina, não faz mal nenhum, nesta era em que os heróis são criados e consumidos em segundos na televisão, não nos faz mal nenhum sonhar que um dia Cyrano amou Roxane, com o mesmo brilho, a mesma essência e a mesma honra que emana do enredo construído por Rostand.
Pela poesia...Pelo amor... além da vida.... bem ajam
Soldado francês, satírico, e dramaturgo, cuja vida foi a base de muitas lendas românticas mais ou menos exageradas, sendo a mais conhecida delas a peça de Edmond Rostand, Cyrano de Bergerac escrita em 1897.
A maior obra de Bergerac foram dois contos sobre viagens fantásticas publicados após a sua morte : Historie Comique Des États Et Empires De La Lune, (1657) e L'historie Comique Des États Et Empires Du Soleil (1962)
Em 1676 surge uma compilação de trabalhos de Cyrano que incluem o "poem of Mazarin” (1602-61), uma crítica severa ao cardeal Manzarin.
Segundo Arthur C. Clarke, Cyrano deve ser tido como a primeira pessoa a falar de viagens de foguetão no espaço e o inventor dos foguetes.
O Verdadeiro Cyrano de Bergerac tinha em vida, muito pouco em comum com o herói da peça de Rostand. Ele nasceu Paris, e foi educado por um padre na cidade de Bergerac. Mais tarde foi estudar para o colégio de Beauvais.
Depois de se tornar famoso como boémio e lutador de duelos, alistou-se aos 20 anos no exercito. Contudo era individualista e tinha problemas em ajustar-se a disciplina- opunha-se as guerras e à pena de morte.
O seu espírito humanitário foi reconhecido pelos seus contemporâneos e pelas gerações seguintes. Os retratos dele elaborados por Doyen, feitos depois de Heince, mostram um homem especialmente sorridente, com um pequeno bigode e um avantajado nariz.
Cyrano foi ferido gravemente duas vezes, uma durante uma luta com a Guarda Gasconha (fiel a Mazarin e Richelieu e rival dos nossos conhecidos mosqueteiros do Rei), e outra durante a Batalha de Arras em 1640.
Nesta última foi ferido no pescoço com uma espada, nunca tendo recuperado completamente.
No ano seguinte desiste da carreira militar e vai estudar com o matemático e filósofo Pierre Gassendi.
Influenciado pelas teorias e Gassendi e pela filosofia libertina, escreve histórias de viagens imaginárias à lua e ao sol e satiriza a visão da humanidade e da terra como o centro da criação. Opôs-se também à ideia de Descartes de que os animais são criaturas sem alma.
Na sua viagem imaginária à lua Cyrano embarca num aparato mecânico, potenciado por foguetes que classifica como um pássaro por ter sido concebido com duas pernas.
Na sua Segunda viagem é julgado por um tribunal de aves pelos crimes da humanidade. Cyrano defende-se dizendo que não é um ser humano mas um macaco.
Em 1654, Cyrano de Bergerac publica as peças “LA MORT D'AGRIPPINE“ obra que foi acusada de blasfemia, e LE PÉDANT JOUÉ”, na qual Moliere se inspirou, ou plagiou para escrever parte da sua peça “The Cheats of Chapin”, (salvo erro o segundo acto da mesma).
Cyrano de Bergerac morreu em Paris a 28/07/1655, na sequência de ferimentos provocados pela queda de um barrote de uma obra sobre a sua cabeça .
A peça de Rostand “Cyrano de Bergerac” descreve as aventuras de um homem notável do século XVII, famoso pelo seu grande nariz e pelas suas qualidades de espadachim.
Nela Cyrano ama apaixonadamente a bela Roxane, mas apesar disso aceita ajudar Christian, a conquista-la.
Apesar de alguns historiadores considerarem exagerada a faceta heróica que Rostand confere a Cyrano, ele é reconhecido como um grande escritor de romances filosóficos e um amante apaixonado.
Registo Das Obras Principais
La Mort D'agrippine, 1654 - The Death Of Agrippine
Le Pédant Joué, 1654 - The Pedant Imitated
Historie Comique Des États Et Empires De La Lune, 1657 - Selenarchia: The Government Of The World In The Moon / The Comical History Of The States And Empires Of The Moon
L'historie Comique Des États Et Empires Du Soleil, 1662 - Other Worlds: The Comical History Of The States And Empires Of The Sun - (Both Books, Moon And Sun, Trans. By Geoffrey Strachan, 1965)
Œuvres Comiques, Galantes Et Littéraires, 1858
Les Œuvres Libertines, 1921
Lettres D'amour Et Lettres Satiriques, 1932
Œuvres, 1957
Voyage Dans La Lune, 1977
Œuvres Complètes, 1978
Nota :
Esta biografia de Cyrano é resultado de uma pesquisa que fiz, talvez porque há nele algo com que me identifico.
Optei por coloca-la aqui para partilhar com vocês a minha admiração pelo homem notável que foi Cyrano, sobretudo no que respeita à dimensão humana independentemente do enredo fabulástico de Rostand... não que esteja contra Rostand, não que esteja contra a fábula, depois e se é verdade que Cyrano foi um espadachim notável, um filósofo e percursor das viagens espaciais es e é sabido que ele escreveu as cartas de amor que escreveu e é capaz de falar do amor e da vida da forma intensa em que o faz na peça a Morte de Agripina, não faz mal nenhum, nesta era em que os heróis são criados e consumidos em segundos na televisão, não nos faz mal nenhum sonhar que um dia Cyrano amou Roxane, com o mesmo brilho, a mesma essência e a mesma honra que emana do enredo construído por Rostand.
Pela poesia...Pelo amor... além da vida.... bem ajam
segunda-feira, junho 19, 2006
Apenas eu...
domingo, junho 18, 2006
AS CARAVANAS DO ESQUECIMENTO
Um poema do meu grande amigo lorenzo monsanto sandoval, porque apesar de tudo ele sim sabe ser poeta..
abraço lorenzo
Por favor
Apaguem as luzes.
Desçam as cortinas.
Arrumemos os adereços.
Cenários.
Deixemos o soalho de madeira,
Respirar e acumular o pó,
Sob o efeito de luz dançámos.
Arrumemos pois.
Bagagens.
Rumemos para outra aldeia.
Aqui, aqui já nada existe.
Sobejamente conhecidos.
Sobejamente rejeitados.
Partiremos pois, porque se faz tarde.
Partiremos pois, livres.
Partiremos pois, deixando para trás
O palco, onde tantas vezes se declamou
E actuou.
Partiremos pois
Nas nossas velhas caravanas do esquecimento.
Partiremos pois, e cantemos
Sobre as notas flutuantes
Das gaitas-de-beiços.
As brumas recolhem agora,
Odores e fragmentos de amor,
Que durante muito tempo
Arrepiaram a nossa pele.
Os nossos diálogos
Ecoaram docilmente nas longas madrugadas de Inverno.
Contigo vimos chegar
O senhor do frio
E foi também contigo, que vi o sol morno adormecer
Nas ondas de diamante de um mar,
Que nunca foi nosso.
Arrumemos pois
E rumemos para outra aldeia.
Aqui, aqui a Terra já nada quer receber.
Santa afirmação.
Aqui, aqui a Terra ilude-nos,
Mas nós, nós não estamos secos.
Nós não somos o chão que acolhe a lama suja.
Nós somos a arte.
A arte incompreendida.
A arte de perder o que se ama receber.
Nós somos a arte, onde a paixão se divide
Em milhares de lagos
E onde
Nos banhamos meigamente
Nos açudes refrescantes da harmonia.
Nós não temos medo.
Nós não temos medo de invocar
Sentimentos inglórios e distantes.
Nós caminhamos sobre as pedras abruptas
Do caminho desconhecido e abrupto.
É neste, que vamos semeando farpas de desprezo.
Nós estamos aninhados.
Nós estamos interiorizados.
Em pequenas bolas de sabão.
Bolas de sabão que apenas seguem
As eloquentes brisas de Verão.
E lá, lá trepamos
Nas vivas cores de um arco-íris perdido.
Nós não estamos secos.
Nós não somos o chão que acolhe a lama suja.
Nós não somos a Terra impura.
abraço lorenzo
Por favor
Apaguem as luzes.
Desçam as cortinas.
Arrumemos os adereços.
Cenários.
Deixemos o soalho de madeira,
Respirar e acumular o pó,
Sob o efeito de luz dançámos.
Arrumemos pois.
Bagagens.
Rumemos para outra aldeia.
Aqui, aqui já nada existe.
Sobejamente conhecidos.
Sobejamente rejeitados.
Partiremos pois, porque se faz tarde.
Partiremos pois, livres.
Partiremos pois, deixando para trás
O palco, onde tantas vezes se declamou
E actuou.
Partiremos pois
Nas nossas velhas caravanas do esquecimento.
Partiremos pois, e cantemos
Sobre as notas flutuantes
Das gaitas-de-beiços.
As brumas recolhem agora,
Odores e fragmentos de amor,
Que durante muito tempo
Arrepiaram a nossa pele.
Os nossos diálogos
Ecoaram docilmente nas longas madrugadas de Inverno.
Contigo vimos chegar
O senhor do frio
E foi também contigo, que vi o sol morno adormecer
Nas ondas de diamante de um mar,
Que nunca foi nosso.
Arrumemos pois
E rumemos para outra aldeia.
Aqui, aqui a Terra já nada quer receber.
Santa afirmação.
Aqui, aqui a Terra ilude-nos,
Mas nós, nós não estamos secos.
Nós não somos o chão que acolhe a lama suja.
Nós somos a arte.
A arte incompreendida.
A arte de perder o que se ama receber.
Nós somos a arte, onde a paixão se divide
Em milhares de lagos
E onde
Nos banhamos meigamente
Nos açudes refrescantes da harmonia.
Nós não temos medo.
Nós não temos medo de invocar
Sentimentos inglórios e distantes.
Nós caminhamos sobre as pedras abruptas
Do caminho desconhecido e abrupto.
É neste, que vamos semeando farpas de desprezo.
Nós estamos aninhados.
Nós estamos interiorizados.
Em pequenas bolas de sabão.
Bolas de sabão que apenas seguem
As eloquentes brisas de Verão.
E lá, lá trepamos
Nas vivas cores de um arco-íris perdido.
Nós não estamos secos.
Nós não somos o chão que acolhe a lama suja.
Nós não somos a Terra impura.
sexta-feira, junho 16, 2006
amo-te ... silencio
Porque nas horas desertas
de mim... me amparas.
Porque louco me embalas
Nos intervalos das musicas
No estremecer da voz
num vazio qualquer na noite
num madrigal qualquer de dia
Porque que me atiças a alma
No meio de fúrias e calma...
E do nada fazes murmúrios
Poemas feitos de gestos
doces sonhos fonemas
alguns deles poemas
alguns deles canções
Porque é para ti que falo
Em cada final de frase,
em cada dobrar de linha
de um poema qualquer
sonhos que sussurro
as vezes sem dizer
outras vezes dizendo
sem precisar de falar
Porque é a ti que escuto
Quando me sinto perdido
E é contigo que fico
Quando fujo de mim
E és tu quem está comigo
quando me sinto sozinho
e mesmo sabendo-me perdido
permites que volte a ti
porque é a ti que eu beijo
quando nem a pele vejo
e são tens os seios
em que repouso o meu queixo
e são teus os braços
em que embrulho o meu corpo
e es tu quem dorme a meu lado
quando me deito sozinho
Porque é teu o sonho
que molda a minha alma
nas desventuras da mágoas
nas inconstância da vida
no gemer de uma guitarra,
ou num sopro qualquer de vida
frissom da chuva a cair,
vento agreste qualquer
uma vontade de ir
um grito por acontecer
Porque és tu meu ronronar
Meu castigo de viver
Minha lua de algum lugar,
Minha ode por escrever
Meu amor por acontecer
sopro divino dos dias
romance por acabar
prosa sem redondilhas
Porque és tu que me inflamas
E despertas poesias
gaivota etérea de sonhos
pairando no firmamento
uma vela eregida ao vento
na amurada de um veleiro
pelo força de um barqueiro
sequioso de folias
Porque es tu quem vou beijar
Mesmo antes de morrer
tu que és meu ultimo adeus
meu derradeiro suspiro
poemas são os olhos teus
o resto é um desalinho
porque és tudo o que eu canto
todo o meu canto..
tudo o que eu vivo.
Porque és gloria e morte
Sopro fiel,
Boa ou má sorte
Meu triste fel
Sabor a mel
Meu fado, meu canto
Minha lágrima
Amo-te....
Silencio...
amo-te...
... tu
de mim... me amparas.
Porque louco me embalas
Nos intervalos das musicas
No estremecer da voz
num vazio qualquer na noite
num madrigal qualquer de dia
Porque que me atiças a alma
No meio de fúrias e calma...
E do nada fazes murmúrios
Poemas feitos de gestos
doces sonhos fonemas
alguns deles poemas
alguns deles canções
Porque é para ti que falo
Em cada final de frase,
em cada dobrar de linha
de um poema qualquer
sonhos que sussurro
as vezes sem dizer
outras vezes dizendo
sem precisar de falar
Porque é a ti que escuto
Quando me sinto perdido
E é contigo que fico
Quando fujo de mim
E és tu quem está comigo
quando me sinto sozinho
e mesmo sabendo-me perdido
permites que volte a ti
porque é a ti que eu beijo
quando nem a pele vejo
e são tens os seios
em que repouso o meu queixo
e são teus os braços
em que embrulho o meu corpo
e es tu quem dorme a meu lado
quando me deito sozinho
Porque é teu o sonho
que molda a minha alma
nas desventuras da mágoas
nas inconstância da vida
no gemer de uma guitarra,
ou num sopro qualquer de vida
frissom da chuva a cair,
vento agreste qualquer
uma vontade de ir
um grito por acontecer
Porque és tu meu ronronar
Meu castigo de viver
Minha lua de algum lugar,
Minha ode por escrever
Meu amor por acontecer
sopro divino dos dias
romance por acabar
prosa sem redondilhas
Porque és tu que me inflamas
E despertas poesias
gaivota etérea de sonhos
pairando no firmamento
uma vela eregida ao vento
na amurada de um veleiro
pelo força de um barqueiro
sequioso de folias
Porque es tu quem vou beijar
Mesmo antes de morrer
tu que és meu ultimo adeus
meu derradeiro suspiro
poemas são os olhos teus
o resto é um desalinho
porque és tudo o que eu canto
todo o meu canto..
tudo o que eu vivo.
Porque és gloria e morte
Sopro fiel,
Boa ou má sorte
Meu triste fel
Sabor a mel
Meu fado, meu canto
Minha lágrima
Amo-te....
Silencio...
amo-te...
... tu
quinta-feira, junho 15, 2006
Parabéns Fernando Pessoa
Autopsicografia"
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
01.04.1931
Parabéns pelos teus 118 anos, porque embora o corpo possa ser efémero a magia das tuas palavras, dessa essencia que brota da tua alma é e será sempre eterna.
Obrigado pela inquietude que deixas nos corações de todos os que te leem, por esse grito qualquer eterno, por essa essencia que é vida renascida letra a letra...
segunda-feira, junho 12, 2006
HOMENAGEM A JORGE PALMA
Deixo-vos uma das letras de que mais gosto do grande jorge palma, no fundo uma pequena homenagem ao cantor, poeta, sonhador que apesar de saber que o ser humano é "fragil" nos alimenta a esperança de sonhar com "o bairro do amor" ou com a "terra dos sonhos" e assim nos deixa a esperança de alguma gloria nesta senda que é viver estando "a espera do fim".
Escolhi esta música porque acho que o estado de espírito que revela demonstra muitas vezes como me sinto..
A ti Jorge Palma, o meu bem aja por toda a cor que dás ao nosso mundo e pela ousadia com que vives os sentimentos a flor da pele nas letras que escreves.
A vocés espero que nunca desistam de encontrar a vossa terra dos sonhos... o vosso aconchego.
Sabem ... estou a adorar dar-vos a conhecer o meu mundo, os autores e pessoas que são importantes para mim... esta partilha é muito bonita.
D. Quixote foi-se embora
D. Quixote foi-se embora
Acende mais um cigarro, irmão
esconde essas sombras no teu olhar
tenta mexer-te com mais vigor
abre o teu saco de recordações
e guarda só o essencial
o mundo nunca deixou de mudar
mas lá no fundo é sempre igual
E agora, que a lua escureceu
e a guitarra se partiu
D. Quixote foi-se embora
com o amigo que a tudo assistiu
as cores do teu arco-íris
estão todas a desbotar
e o que te parecia uma bela sinfonia
é só mais uma banda a passar
A chuva encharcou-te os sapatos
e não sabes p'ra onde vais
tu desprezavas uma simples fatia
e o bolo inteiro era grande demais
agarras-te a mais uma cerveja
vazia como um fim de verão
perdeste a direcção de casa
com a tua sede de perfeição
Tens um peso enorme nos ombros
os braços que pareciam voar
tu continuas a falar de amor
mas qualquer coisa deixou de vibrar
os teus sonhos de infância já foram
velas brancas ao longo do rio
hoje não passam de farrapos
feitos de medo, solidão e frio
sexta-feira, junho 09, 2006
Ansejos
Um poema que escrevi e que fala muito da minha busca, da minha essencia incompleta....
Ansejos...
gostava que esta noite
tu ficasses deitada comigo
e que ao som de uma canção
tu me abraçasses e dissesses
... estou contigo .
gostava que num torpor
tu me beijasses...
e me envolvesses
na tua áurea encantada.
gostava que com amor
tu me queimasses...
e que num momento de loucura
sussurrasses palavras deste amor fatal
já mais esquecido.
gostava de te levar num carrossel
e de te envolver assim ... perdida.
gostava de ser teu ... para toda a vida.
só para te acordar de manhã
como se fosses
a mais doce bela adormecida .
gostava que soubesses
que te quero e que és a mulher
que eu mais venero nesta vida.
gostava que acreditasses
nas palavras que aqui digo
pois de outra forma dizer-tas
... não consigo.
mas também que posso dizer
que aqui não tenha dito.
que loucura vai fazer ...
calar este meu grito.
que outra forma cruel
me vai esmagar
do que saber-te aqui
sem te contar
...todas estas coisas
... que eu sinto.
simplesmente por saber
que para ti não são mais
...do que palavras ditas .
por saber que vais pensar
que eu aqui minto .
e talvez nem adiante,
talvez até nem ligues
... ao que eu sinto.
porquê amar-te assim
sem ter razão.
porquê querer ser eu
o teu amor .
porquê julgar teu
meu coração.
porquê, porque, porquê...
devo estar louco!
louco! louco!
mas não te minto...
e a verdade é que te amo,
mesmo que não passem
...de palavras perdidas,
como folhas caídas...
na árvore da minha vida .
como se fossem
simplesmente pedaços
de tudo o que eu sinto...
e de outra forma...
...não sei dizer.
Ansejos...
gostava que esta noite
tu ficasses deitada comigo
e que ao som de uma canção
tu me abraçasses e dissesses
... estou contigo .
gostava que num torpor
tu me beijasses...
e me envolvesses
na tua áurea encantada.
gostava que com amor
tu me queimasses...
e que num momento de loucura
sussurrasses palavras deste amor fatal
já mais esquecido.
gostava de te levar num carrossel
e de te envolver assim ... perdida.
gostava de ser teu ... para toda a vida.
só para te acordar de manhã
como se fosses
a mais doce bela adormecida .
gostava que soubesses
que te quero e que és a mulher
que eu mais venero nesta vida.
gostava que acreditasses
nas palavras que aqui digo
pois de outra forma dizer-tas
... não consigo.
mas também que posso dizer
que aqui não tenha dito.
que loucura vai fazer ...
calar este meu grito.
que outra forma cruel
me vai esmagar
do que saber-te aqui
sem te contar
...todas estas coisas
... que eu sinto.
simplesmente por saber
que para ti não são mais
...do que palavras ditas .
por saber que vais pensar
que eu aqui minto .
e talvez nem adiante,
talvez até nem ligues
... ao que eu sinto.
porquê amar-te assim
sem ter razão.
porquê querer ser eu
o teu amor .
porquê julgar teu
meu coração.
porquê, porque, porquê...
devo estar louco!
louco! louco!
mas não te minto...
e a verdade é que te amo,
mesmo que não passem
...de palavras perdidas,
como folhas caídas...
na árvore da minha vida .
como se fossem
simplesmente pedaços
de tudo o que eu sinto...
e de outra forma...
...não sei dizer.
domingo, junho 04, 2006
solidão
imagem quadro "Danae" de Klimt .
A solidão entranha-se no corpo, corroi-nos até aos ossos, até à alma...
sentirmo-nos sós é ter em nós algo de vazio, é viver continuamente a sensação de uma cama vazia, de um quarto vazio... pior que isso ... a sensação de estar vazio por dentro... como se houvesse algo de mim, algo do meu peito, da minha vida, da minha essencia que alguém, ainda não sei quem... levou e se esqueceu de devolver.
Uma angustia que doi e não sara de ver os dias irem morrendo pouco a pouco... e com eles a capacidade de suportar.
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