terça-feira, agosto 14, 2007

2 horas e 49 minutos

são duas horas e quarenta e nove minutos, bem duas horas e cinquenta minutos, estou acordado, o único acordado... previlégio de quem está de férias e pode tentar reencontrar-se na noite... sair com a, b, ou c...ver este ou aquele amigo e agir como se não houvesse tempo, como se não tivessemos idade, como se não houvesse silencio..
como se sonhar fosse um esperar por algo que ira acontecer e em todos nós, nos nossos corações houvesse um espaço a ser preenchido por aquele AMOR que se quer derradeiro, como se saisse de um conto de fadas, de um planeta de estrelas, de uma aventura repleta de poetas, guerreiros e dragões..
Como se um dia como por artes mágicas, ou por esforço conquistado, tudo o que fizemos de bom aos outros, tudo o que construimos, tudo o que suportamos, todas as dores.... tivessem realmente sentido no amor desse alguem, derradeira vitória do sonho.
Como se não houvesse afinal um silencio que as vezes nos liberta, mas muitas vezes nos enclausura e por isso apesar de tudo o resto um coração apartado que cansado que está apenas gostava de não ser, para não ter de fingir, para não ter de se erguer...
Sabem o que doi mesmo... a maior dor é saber que por mais que se ame y esse y nunca nos ira amar, façamos o que façamos, lutemos o que lutemos, sonhemos o que sonhemos... não porque y não nos dé valor, não porque não mereçamos, mas porque as vezes o destino tem linhas cruzadas que por mais que tentemos só se tocam no plano da amizade, por mais que estejamos lá, por mais que nos demos, por mais que em nós haja partilha, vida, essencia comum, por mais que y seja tão só o nosso horizonte, o nosso principio e o nosso fim....
pior que isso a maior dor é saber que por mais que nos ergamos, que voltemos a edificar outros sonhos, por mais que nos atrevamos, há qualquer coisa em nós que nos falta e que só sabemos dar a y, qualquer coisa sem a qual nos sentimos amputados de nós e que deliciosmamente ainda que por segundos recuperamos no contacto com os seus olhos, no toque da sua mão.
Racionalmente, para não ficarmos refens de nós mesmos o melhor era amputarmos essa parte... fazer-lhe o luto, guarda-la num cofre sem chave, queima-la nas cinzas da saudade e dos augures... mas a razão não tem nada a haver com isto, a razão não se mete nestas linhas, não é a razão que comanda, não há nada de preservação... joga-se... perde-se... amasse....vivesse.... ou não e ponto.
Ninguem pensa que y está acima do que podemos alcançar, que é a pessoa errada, ninguem endurece suficientemente a carapaça que o protege das dores, ninguem é suficientemente ermita....
Era bom que o fossemos... ou melhor era bom que houvesse uma tarefa qualquer, um caminho visivel ou invisivel, uma prova que tivessemos de superar para conquistar Y , como cavaleiros num duelo nos filmes de capa e espada, como na lenda da rosa e do rouxinol... mas não, não há nada a fazer, nada além de seguirmos o nosso rumo, esperar novas sortes... nada além de mergulhar numa solidão que se estivermos atentos, cada vez mais se revela colectiva e é visivel nos olhos de quem sai a noite, como se não houvesse tempo, como se não houvesse dia, como se as férias fossem a vida...
mas há tempo... os minutos escapam e com eles passam as horas.... são agora 3 e 35 da manhã....
só a falta de sono permanece, so o vazio permanece... mesmo após este texto....
Mas também só escrevi isto porque não conseguia dormir sem explodir.... porque me cansei de dizer aos outros, ainda hoje o fiz três vezes, com três pessoas... que estou bem...
porque estou demasiado cansado de me inventar buscador de luzes quando sei que a verdadeira luz nada tem a haver com elas... porque não tenho outra alternativa senão faze-lo.....
porque preciso de enfrentar isto para não me enganar e não enganar ninguem...
e faço-o aqui porque sei que como eu há tantas e tantas pessoas, com o mesmo desamor, com a mesma incapacidade de mostrar a y o que sentem, por saber que o que escrevi ... que este vazio, assumir este vazio é e pode ser ser sempre um recomeço...
porque tenho, temos de aranjar forças e pensar em novas esperanças
porque amanha é um novo dia.

boa madrugada

9 comentários:

Maria disse...

Pedro

Já li este teu texto três vezes.
Não sei o que te diga, a não ser que "há dias (noites) assim"....
Se eu com um estalar de dedos pudesse fazer alguma coisa....
... como dizes, amanhã é outro dia...

Beijo

lisa disse...

Quando à noite olhares para o céu e veres a estrela que brilha mais, essa será a que te iluminará.
:-)

Beijo meu e um abraço da lua.

Ema Norte disse...

Excelente sopro.

Ema Norte disse...

Obrigada.

Ema Norte disse...

É bom saber que posso contar com ajuda.
Obrigada.

Ema

milhafre disse...

Maria

sim... teremos sempre a esperança de uma nova manhã

Lisa...

obrigado pela tua cumplicidade terna


Ema...

es sempre bem vinda

Obrigado às três por darem cor ao grito

Anónimo disse...

"era bom que houvesse uma tarefa qualquer, um caminho visivel ou invisivel, uma prova que tivessemos de superar para conquistar Y , como cavaleiros num duelo nos filmes de capa e espada, como na lenda da rosa e do rouxinol"

nao.. nao.. nao..
a vida perderia metade do gozo que hoje tem, tu deixarias de dar valor ás coisas por serem de tão facil alcance.... etc..
de facto não foi este pedro que eu conheci e que lutava no que acreditava, mas espero que esta noite tenha passado e que num novo dia tenhas dado valor ao sentido de estar vivo.

beijinho*

Anónimo disse...

Pois é gostei deste texto. Bom só passei para dizer que és um bom amigo.

Anónimo disse...

Li e reli o teu texto Pedro, e agora, quando eu perguntar se estás bem, quero que me digas a verdade :).
O tempo encarregar-se-á de apagar o que o coração por vezes se esquece. Um dia esse "estou bem " será uma frase verdadeira. Pensa a penas que se esse y nao te da o valor que realmente mereces, é porque esse y, nao te merece. E nao vale apena sofrermos por quem nao nos merece, agora penso assim...
Por vezes sinto a tua mão na minha, onde parece que ambos nos confortamos mutuamente.
Mil beijos deste alguém que consegue ver quando chegas á praia, mesmo que a km e km, de distancia :)
É a minha vez de dizer: Obrigado por tudo.
Mil beijos