quinta-feira, março 09, 2006

a morte

as vezes a morte passa-me por entre os dedos e percorre o meu corpo, como se me quisesse sugar a pele, sorver a alma.
parece que há algo em mim que aspira ao fim,ao principio de todos os recomeços, como se me quisesse libertar dos dias maus, dos vazios.... levar-me ao sossego... depois o sopro da vida, um turpor qualquer faz-me acordar, faz-me erguer, como se encontrasse em pequenos nadas a coragem de suportar.
meu deus .... as vezes pergunto-me porque raio não nasci numa ilha deserta, uma ilha qualquer desprovida de escrita, desprovida de tecnologia e de civilização.
Sinto-me cada vez mais embrutecido pelo saber, cada vez mais longe da verdadeira luz.

6 comentários:

Anónimo disse...

sabes este teu texto deixou-me a pensar... eu pensava que tinhamos de aprender muito para se poder conhecer a "verdadeira luz". mas agora que "falaste" nisso, se calhar basta nao saber nada, apenas procurar dentro de nós.

tu nao ias conseguir viver afastado da escrita..mesmo numa ilha sem nada, ias procurar um ramo e escrever na areia. porque esse és tu pedro. Aquele que abraça as palavras...

saudades :)

milhafre disse...

mauysita não tenho palavras para comentar o que disseste... estou comovido. beijo amigo

Anónimo disse...

A morte...Superficial, mas viril...como qualquer outra morte. Penso na morte da maneira que penso. Única e destemível. Vejo. Vejo-me caminhar por entre o vale das sombras. Gosto. Gosto de te ouvir. Morte. És minha. A unica coisa que temos na vida, é ter o direito à morte. A morte é um nosso direito. Eu quero ter uma morte respeitável. Sorrir para a morte e dizer-lhe: "Vem a mim. Eu vivi." De todos os momentos que temos, temos também este. "Escasso e vão". Temos um olhar, um esgar da perfeição. Um adeus porque eu...eu já morri.

milhafre disse...

lorenzo....

então o poeta sou eu... o comentário esta lindo..
sabes com amigos como tu vale a pena viver

Anónimo disse...

Há dias assim. Em que nos sentimos anular até sermos uma réstia apenas num cantinho da mente, e tudo o resto nos é estranho - o resto, que nos ocupa, não é "nós" é só qualquer coisa que cresceu ali porque nós encolhemos. Fomos esmagados, e fugimos do mundo que nos surge tão estranhamente irreconhecível, inanimado... E então desejamos a morte, porque a morte é doce e reconhece-nos. Porque a reconhecemos a ela e ela é parte de nós. Porque nos surje leve e lava tudo o que não queremos...

Mas, depois, outros dias vêm - o mundo tem muitas faces...
:)

milhafre disse...

rita

este teu texto é profundo, tão profundo que me deixou com uma lagrimazita ao canto do olho ( e tu sabes como é dificil eu ficar com uma lagrima natural, ao canto do olho... daquelas lagrimas que não consigo enviar-te por correio)deixaste-me comovido, talvez porque me habituei a ver que tudo em ti é vida e sonho e luz. conta sempre comigo.
beijo grande pedro