segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Durmo ou não?

Durmo ou não?
Passam juntas em minha alma
Coisas da alma e da vida em confusão,
Nesta mistura atribulada e calma
Em que não sei se durmo ou não.
Sou dois seres e duas consciências
Como dois homens indo braço-dado.
Sonolento revolvo omnisciências,
Turbulentamente estagnado.
Mas, lento, vago, emerjo de meu dois.
Disperto. Enfim: sou um, na realidade.
Espreguiço-me. Estou bem... Porquê depois,
De quê, esta vaga saudade?

Fernando Pessoa


Simplesmente porque tantas vezes me sinto assim.


boa semana

terça-feira, fevereiro 19, 2008

eu poema

Se eu hoje fosse
poema de mim próprio
seria um astro louco
um navegante sem porto

seria etereo vinho
nuns labios quaisquer
beata de cigarro
atiçada pelos ventos

se hoje eu fosse poema
o amor seria estrela
gravada no meu peito
como vulgar seta

e teu nome fonema
que numa inspiração
se fez ode..
e me fez profeta

e cada traço do teu rosto
seria guia
mapa do tesouro
dos meus sonhos

pudesse eu ser doce flor
bailar no teu sorriso
e aprender como as crianças
a inventar o amanhã

e cada pedaço de pele
que escrevo letra a letra
mais do que um poema seria grito
mais do que sopro encanto

e todo eu...todo o meu canto
seriam aves em bando a voar
na formação de um coração
para pertinho de ti.

domingo, fevereiro 17, 2008

O cupido


Um desenho da princesinha Ana de 10 aninhos acabados de fazer.


Quem dera que todo o amor fosse assim

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

para não adiar

procurava na internet um poema sobre o amor
em que o amor não surgisse ao de leve...
que permitisse afrontar os amores adiados..
que rompesse a logica do "temos tempo"...
"talvez amanha realizemos os sonhos"...
procurava um poema que ousasse afrontar a nudez das palavras..
expo-las como quem expoem os sentimemtos..
que se atrevesse a decapitar os medos sem renuncias.
so para falar dos sonhos


encontrei o poema Não posso adiar o amor....de António Ramos Rosa.
é um texto lindo que quero partilhar com vocés
boa semana.
talvez porque amanhã é dia dos namorados.


"Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob as montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração."


António Ramos Rosa

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

Para pensar e não ficar indiferente

Deixo-vos um poema de Bertolt Brecht chamado Aos que vierem depois de nós (tradução de Manuel Bandeira) para que não fiquemos indiferentes.

"Aos que vierem depois de nós

Realmente, vivemos muito sombrios!
A inocência é loucura. Uma fronte sem rugas
denota insensibilidade. Aquele que ri
ainda não recebeu a terrível notícia
que está para chegar.

Que tempos são estes, em que
é quase um delito
falar de coisas inocentes.
Pois implica silenciar tantos horrores!
Esse que cruza tranqüilamente a rua
não poderá jamais ser encontrado
pelos amigos que precisam de ajuda?

É certo: ganho o meu pão ainda,
Mas acreditai-me: é pura casualidade.
Nada do que faço justifica
que eu possa comer até fartar-me.
Por enquanto as coisas me correm bem
[(se a sorte me abandonar estou perdido).
E dizem-me: "Bebe, come! Alegra-te, pois tens o quê!"

Mas como posso comer e beber,
se ao faminto arrebato o que como,
se o copo de água falta ao sedento?
E todavia continuo comendo e bebendo.

Também gostaria de ser um sábio.
Os livros antigos nos falam da sabedoria:
é quedar-se afastado das lutas do mundo
e, sem temores,
deixar correr o breve tempo. Mas
evitar a violência,
retribuir o mal com o bem,
não satisfazer os desejos, antes esquecê-los
é o que chamam sabedoria.
E eu não posso fazê-lo. Realmente,
vivemos tempos sombrios.


Para as cidades vim em tempos de desordem,
quando reinava a fome.
Misturei-me aos homens em tempos turbulentos
e indignei-me com eles.
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra.

Comi o meu pão em meio às batalhas.
Deitei-me para dormir entre os assassinos.
Do amor me ocupei descuidadamente
e não tive paciência com a Natureza.
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra.

No meu tempo as ruas conduziam aos atoleiros.
A palavra traiu-me ante o verdugo.
Era muito pouco o que eu podia. Mas os governantes
Se sentiam, sem mim, mais seguros, — espero.
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra.

As forças eram escassas. E a meta
achava-se muito distante.
Pude divisá-la claramente,
ainda quando parecia, para mim, inatingível.
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra.

Vós, que surgireis da maré
em que perecemos,
lembrai-vos também,
quando falardes das nossas fraquezas,
lembrai-vos dos tempos sombrios
de que pudestes escapar.

Íamos, com efeito,
mudando mais freqüentemente de país
do que de sapatos,
através das lutas de classes,
desesperados,
quando havia só injustiça e nenhuma indignação.

E, contudo, sabemos
que também o ódio contra a baixeza
endurece a voz. Ah, os que quisemos
preparar terreno para a bondade
não pudemos ser bons.
Vós, porém, quando chegar o momento
em que o homem seja bom para o homem,
lembrai-vos de nós
com indulgência.
"


boa semana
sem resignações

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

PÉTALAS

O amor perdido é como um pétala de flor atirada aos ventos, possui as marcas do amor que se foi como se flor ainda fosse na sua juventude e ao mesmo tempo lembra algo que se perdeu como se o próprio coração morresse pétala a pétala.