Acerca de mim
- milhafre
- Quem sou eu...... as vezes queria ser apenas um escolho atirado aos ventos. outras a minha faceta de louco faz-me querer enveredar por caminhos que desconheço e espanto-me a mim próprio. diria que sou alguém que aspira a ser simples e a quem o corre corre dos dias parece estrangular as vezes deixando as palavras e os sonhos amordaçados na garganta. se um dia me for espero ser lembrado como um bom amigo .
segunda-feira, maio 31, 2010
sem expressão
corta-me a língua
arranca-me os dedos
corroí-me o coração
manda os pássaros bicarem-me os olhos
eu não queria este silencio da falta de expressão
não queria não ter porque escrever
não faz sentido sonhar sem ter com que.
viver sem ter porque.
não há maior vazio do que aquele que nem criativos nos faz ser
maior degredo do que este...
deserto mais denso do que o vazio dos sentidos...
e eu só quero...
só queria ....
poder esvaziar o coração..
esvair-me eu...
tornar-me quem sabe simples chão, para ser lavrado,
lavrado pelo que for, pelo que vier a ser ,
chão de orquídeas ou tulipas,
cravos ou papoilas...
simples restolho...
mas ao menos o principio ou o fim de alguma coisa...
porque tudo em mim é sonho que termina sem raiz...
tanto em mim é vácuo
sexta-feira, maio 21, 2010
HOJE O DIA PAROU
Hoje o dia parou
Eram 03 horas da manha.
Escrevia o vazio num momento pérfido pela inconstância
Gritava a dor cá dentro como se quisesse expurga-la…Torna-la suportável.
Como se a solidão, aquela solidão do vazio dos sonhos e dos afectos pudesse ser contida.
Como se algum dia a vida pudesse ser contida numa folha de papel.
Hoje o dia parou
Sem que parassem os relógios
Sem que os pássaros deixassem de voar
Sem que os mareantes tivessem de temer as tempestades
Sem que ainda, que por um segundo, imperasse qualquer réstia de silencio
Hoje o dia parou
Sem suspiros nem murmúrios
Sem qualquer interjeição fatal improvisada
Sem sequer cair na contramão das linhas dos meus dedos
Sem ousar sequer a contramão das linhas dos meu rumo
Hoje o dia parou
Sem que os elementos se revoltassem
Sem que a chuva ousasse debaldar dos céus
Sem que as gaivotas poisassem nos areais
Sem que os morcegos regressassem aos abrigos
Hoje o dia parou
Sem parar o transito nem abalar horários
Sem atravancar as filas
Sem carregar olhares nem pesar nos ombros
Sem a poeira ou as escorias do cair das lágrimas
Hoje o dia parou
Para nunca mais me conseguir esquecer que não fui senão parado
Para não ter mais de suportar este vazio
Por não conseguir sujeitar mais o coração ao interregno
Para não mais ser eu … o interregno
Hoje o dia parou
para no vácuo não ter de me parar eu
para não sucumbir enregelado
por não conseguir conter a ausência nas entrelinhas
para matar a dor
Hoje o dia parou
para neste texto pausar o crepúsculo
para interromper o corre corre
para tentar derribar a sede
para num gesto parar a cidade
Hoje o dia parou
para que amanhã não parem os teus sonhos
para que os abraços que quiseres não fiquem por dar
para que a tua alma não cesse de sonhar
Hoje o dia parou
para que amanhã possas dizer tudo..
tudo o que ficou por dizer nas entrelinhas
tudo o que ficou no vazio das paginas
todo o bem querer que bem quiseres
todo o sonho porque por direito quiseres pugnar
Hoje o dia parou
para que amanhã possamos ser ombro com ombro unidos
para que saibas perceber os gestos
para que consigas dar valor ao toque
Porque a alegria tem de um dia acontecer
Para que esse dia comece agora
terça-feira, maio 18, 2010
O poeta morre
o poeta morre..
no final de um verso
no vazio das linhas
num interregno da alma
quando o poema deixa de ser sonho
e passa a ser palavra
o poeta morre
quando as cicatrizes
se converterem em chagas
e deixarem de ser marcas de viagem
quando a dor deixar de nos derribar
por já não nos sentirmos cair
o poeta morre
quando o canto deixar de ser sopro
e passar a ser pranto
quando o grito se tornar vácuo
quando a revolta se conformar na apatia
quando nada mais puder doer além da dor
o poeta morre
quando os lábios deixarem de se morder só por querer tocar-se
quando os corpos se esquecerem de gestuar
quando braços e costas deixarem de saber entrelaçar-se
o poeta morre
quando o amor deixar de ser cantado
quando o sonho tiver perdido a memória
por deixar de ser querido
quando a opressão de tão habitual
deixar de revoltar
O poeta morre
quando o pássaro em nós se esquecer de ser Fénix
e não tiver outro remédio além de zarpar da alma
quando os viajantes que somos deixarem de inspirar outras paisagens
o poeta morre
quando nada, mas mesmo nada precisar de ser cantado...
quando a esperança morrer
quando deixar de fazer sentido ser essência
quando o sonho deixar de ser sonhado
o poeta morre
quando a criança que mora nos poetas se tornar um autómato
quando o coração se converter em pedra
quando tudo se desfizer na areia do tempo
e não tivermos nada para cantar além do vazio
e o vazio esse desistir de se encher de palavras
domingo, maio 02, 2010
uma mão aberta
no vazio dos sonhos
na alma que fica à espreita
deserta de sentimentos
dois sentires que mal se sentem
braços que jamais se entrelaçarão
saudades do gesto
do teu gesto...
sopros do mundo sem medo do vento
sopros do vento com medo do sonho..
e depois de tudo
só depois de tudo
,.....
esta saudade