terça-feira, setembro 30, 2008

os tais dias melhores

Ontem estava triste, notou-se no post que deixei cá...
estava confrontado com uma situação que gerei e que teve resultados que não previa, como daquelas vezes em que estamos a construir um castelo de peças de domino e derrubamos deliberadamente uma peça por nao estarmos contentes com a posição em que ela está mas não vemos que a seguir a ela vai cair uma, e outra e outra.. e pronto castelo ao chão.
para quem costuma ser um teorico da entropia ( como diz o grande João) devia ter pensado em todos os cenários, avaliado as consequências, colocado pesos na lingua que eu já não tenho nem cabeça nem idade para a ter tão solta, mesmo que o que diga seja o que sinta... mesmo que o que fale seja sobre o que me doi...
Como não antecipei o que fiz a tempo não me resta outra medida que não assumir os resultados do que disse e vou/estou a faze-lo... o melhor que sei.
Mas eu não quero, não estou aqui para falar nisso.
estou aqui porque cheguei a conclusão que não quero/não posso deixar-me derribar.. sei que o que não nos mata torna-nos mais fortes e ainda vou gostando de estar por cá, por isso é tempo de ir a luta, de arranjar sonhos, de viver o dia a dia.
Afinal os dias melhores só surgem se os fizermos melhores.
nisto o tio S da minha grande amiga A tem razão e é algo que subscrevo e é válido para todos os que se deparam com agruras na vida...
disse-o isto tanta vez a tanta gente e devia ter pensado nisso quando me senti a cair...
a questão é que sempre tive mais facilidade em pensar nos outros do que em mim, a minha amiga A já mo tinha dito, a M e a ML também, mas a minha amiga I, que de resto encontro como por acaso sempre que um de nós está confuso, soube-mo dizer de forma tão contundente que tive mesmo de pensar no assunto ...
de facto não sei pensar em mim...
ergui uma barreira securitaria a minha volta, fiz-me reforçado, valorizo a minha capacidade de resistencia a toda a prova, o antes quebrar que torcer, armo-me em forte..
pensando bem ... mesmo as colecções que faço, a de lanternas e a de canivetes tem a haver com isso... gosto de me sentir preparado venha o desafio que vier.
as vezes acho que sou uma tartaruga com carapaça dura... muito dura... o problema é que quase sempre o coração anda tão mole que crio conflitos dentro de mim que não sei gerir...
Tinha, tenho para mim até agora que a minha maior limitação, o meu maior medo era não ser amado ... é não ser amado, mas não sabia e hoje já sei, que na minha busca do amor andei tão perdido que ora não vi que o era ora afastei mesmo a hipótese do ser, como se fosse um cão que não se sabe se está a correr atrás da sua cauda ou a fugir dos seus dentes....
A minha amiga I mostrou-me que isso era errado ( truque n. 1 para quem gosta de apoiar os outros - o banco do terreiro em frente ao bar os Filpes em Leiria governa como spot para falar), fez-me pensar em mim, pensar no que sou...
disse-me que não posso pensar nos outros como penso sempre, que tenho de reservar espaço para as minhas batalhas, os meus sonhos...
e eu estou decidido a faze-lo pois sei que se o fizer ficarei mais forte...
continuando sempre alerta para os que passam no meus dias claro.... afinal há bichinhos que não se perdem.

Quero agradecer aos que me leem pela visita constante e pela forma como se mantêm presentes, agradecer ao tio S da A, pelo comentário no outro espaço, reflexo disso é o título deste comentario.
Agradecer à minha outra amiga A, futura socióloga que anda alidar com terras de Lisboa e que me trouxe devaneios doces de viagens e alegrou o dia.
Agradecer a minha amiga Re do café que me encanta o estomago, que soube estar lá e entendeu que não estava tão bem como dizia.
Dizer a Piquenatonta que estou contigo nas batalhas que travares, dizer-te que faço parte da tua muralha de ombros e que juntos somos fortes...
Dizer a A que ela é uma pessoa muito especial, que vai saber dar a volta aos dias maus e que pode contar comigo para a ajudar a devolver-lhe toda a luz mágica que ela dá ao mundo.
Dizer a Ml e a M que sempre as tive.. tenho como pessoas especias e que agradeço terem tentado abrir-me os olhos mesmo sem que eu o conseguisse fazer....
sei que as vezes é preciso paciencia de job
e claro dizer a I que adorei a conversa de ontem e a forma como me abriu os olhos, esperando que ela me deixe fazer o mesmo, noutra conversa de banco, para que ela pereceba a luz que mora no sorriso dela.
hoje é o primeiro dia do resto da minha vida
uma nova peça de domino para edificar um novo castelo.

segunda-feira, setembro 29, 2008

basta

basta de vazios
basta de paz podre
basta de promessas que não se cumprem
basta de gestos que se concretizam sem vontade
basta de quereres bem quereres que mal me querem
basta de sonhos adiados e odiados
basta de amores que se desamam
basta de laços que se desunem...
basta do sonho que não se concretiza
basta da esperança no amanhã
basta do amanhã
basta do hoje
basta do agora
basta de tudo

ando cansado
cansado de mim
cansado dos meus gestos
cansado dos meus sonhos
cansado dos meus laços que se desenlaçam
cansado das fidelidades que se apagam
cansado das amizades e familiaridades eternas que se esbatem
cansado da minha cabeça que não se desliga
cansado deste vazio que ninguem alcança nem percebe
cansado de me terem por forte
cansado de se ficarem quando digo que "estou bem"
cansado de escrever sobre o que não vivo
cansado de sonhar com o beijo que não dou
cansado de me levantar dia após dia

gostava tanto de poder dormir uma semana,
não... dormir um mês...
viajar só numa terra desconhecida...
assumir a renuncia de tudo...
chegar ao vazio dos vazios
o vazio em que não estaremos realmente sós
porque saberemos depois de o atingirmos
estar connosco

terça-feira, setembro 09, 2008

SE EU TE ESQUECER

Se eu te esquecer
As flores deixarão de florir
As estrelas irão desertar dos céus
As andorinhas irão deixar de fazer ninhos
Os rouxinóis irão esquecer-se de cantar

Se eu te esquecer
O norte deixará de ser onde é
Os marinheiros irão perder-se no mar
As baleias não poderão guiar-se
As marés deixarão de beijar a areia

Se eu te esquecer
Deixará de fazer sentido o nascer do dia
Não valerão de nada as cores do pôr-do-sol
A noite será escura e perpétua
Prisioneira amordaçada do suceder das horas

Se eu te esquecer
As crianças deixarão de ter porque sorrir
Desalinhar-se-ão todas as notas musicais
O silencio será devastador
A pele irá enrugar-se por desistir do toque

Se eu te esquecer
Os sítios onde estivemos
Os olhares que trocamos
As conversas que tivemos
Serão escolhos de alma arrancados da imaginação

Se eu te esquecer
Irá findar-se a tua luz que trago em mim
Findar-se-ão os sonhos e a vontade de sonhar
Tornar-me-ei banal vegetativo desistente
Escoria de luz atirada pelos ventos

Se eu te esquecer
O princípio será o fim
E o fim o principio de todas as coisas
O horizonte uma prisão perpétua
O nada tudo e o tudo nada

Se eu te esquecer
Não valerá de nada o que já fui
Não quererei saber o que serei
Os abraços irão cerrar-se cansados de ser porto
Falirá para sempre o coração

Se eu te esquecer
Irei esquecer-me das viagens que não fizemos
Dos planos que não realizamos
Dos projectos adiados e adiados
Dos beijos que não ousei dar-te

Se eu te esquecer
Ficará na minha alma...
A mais rasa das tábuas
O mais desértico dos desertos
A mais inexpugnável das montanhas

Se eu te esquecer
Irei deixar-te ser ave que és para defrontares os céus
Irei deixar de querer voar sem conseguir.
Renunciarei a proteger-te
Irei enfrentar a finitude que as palavras não alcançam

Serei escolho
Vácuo,
Beata,
Resíduo,
Degredo,
...nada

serei o nada
o nada dos campos vazios onde nascem papoilas
o nada dos desertos onde despertam os rios
o nada do vento onde planam as aves
o nada desta folha branca onde escrevo tudo
o nada da alma em que se erguem os sonhos
o nada que pode ser tudo...tudo o que puder ser.

quarta-feira, setembro 03, 2008

e se a saudade fosse outra coisa- um comment ao blog da lisa que se tornou post

e se a saudade fosse outra coisa???
se não tivesse a dor a que nos habituamos???
se fosse a falta do toque???
e se o toque de repente fosse tudo???
e gesto a gesto se descobrisse o mundo.
as vezes parece que a pele cria laços com a pele da pessoa querida...fica refem dela...
o corpo da por si a pedir o corpo... o carinho a pedir carinho...o sonho a pedir sonho...
a ausencia do outrem assume-se como um quase intervalo entre o sonho que já foi e que ainda não aconteceu..
damos por nós na falta do outrem a preencher vazios na memória...
como se o outrem estivesse sempre presente...
como se não se tivesse ido...
como se as nossas células e as da outra pessoa ainda estivesserm ligadas...