Não me venhas hoje falar de emoções
Que eu já não ligo as tentações do torvelinho
E dentro de mim algo morreu
Talvez um sonho de profetas, talvez eu
No desalinho remoído dos poemas
É que não há amor…. sonhos eternos
Nem fados de ir embora no corrupio
E o inevitável nisto tudo é que por mais que se queira renascer
Cada gesto é sempre uma memória de um outro gesto já dado
Cada beijo traço dos lábios de outra circe
Que em cada vez que se diz fica há pedaços de alguém que se perdeu
Que em cada vez que se quer mudar há uma sina que teima em repetir-se
E no final de tudo quando o poema deixar de ser dito para passar a ser vivido
Quando a falta de experiencia for compensada pelo sonho de amores maiores
Quando a esperança se cansar de comandar a própria vida e nos permitir viver
Quando em nós mais do que as lágrimas for derramado o sangue da vida, sequioso de promessas.
Quando rubros de afecto encontrarmos nexo nos contornos curvilíneos de um corpo
Mesmo aí… há beira do apogeu dos anjos e dos homens…
Naqueles momentos em que ganhamos asas e voamos
Em que nos deixamos ser chamas e nos sentimos a arder por dentro…
Quando depois do êxtase nos mimamos etéreos de bem querer
Haverá sempre memórias de um corpo e de uma alma …
Cicatrizes deixadas nas marcas da pele que alguém já percorreu nas entrelinhas
Despojos de memórias pejados nas paredes..
E no final….
Só no final….
Um sonho de menino
Mortinho por ser menino
E sonhar de novo…
Como da primeira vez que se sonhou
Todos os sonhos