Um poema cresce inseguramente
na confusão da carne,
sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,
talvez como sangue
ou sombra de sangue pelos canais do ser.
Fora existe o mundo.
Fora, a esplêndida violência
ou os bagos de uva de onde nascem
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
do nosso amor,
os rios, a grande paz exterior das coisas,
as folhas dormindo o silêncio,
as sementes à beira do vento,
— a hora teatral da posse.
E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.
E já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único,
invade as órbitas, a face amorfa das paredes,
a miséria dos minutos,
a força sustida das coisas,
a redonda e livre harmonia do mundo.
— Embaixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.
— E o poema faz-se contra o tempo e a carne
Acerca de mim
- milhafre
- Quem sou eu...... as vezes queria ser apenas um escolho atirado aos ventos. outras a minha faceta de louco faz-me querer enveredar por caminhos que desconheço e espanto-me a mim próprio. diria que sou alguém que aspira a ser simples e a quem o corre corre dos dias parece estrangular as vezes deixando as palavras e os sonhos amordaçados na garganta. se um dia me for espero ser lembrado como um bom amigo .
domingo, abril 27, 2008
quarta-feira, abril 23, 2008
A Vida como Luta entre a Realidade e o Sonho
"Somos um sonho divino que não se condensou, por completo, dentro dos nossos limites materiais. Existe, em nós, um limbo interior; um vago sentimental e original que nos dá a faculdade mitológica de idealizar todas as coisas. (...) Se fôssemos um ser definido, seríamos então um ser perfeito, mas limitado, materializado como as pedras. Seríamos uma estátua divina, mas não poderíamos atingir a Divindade. Seríamos uma obra de arte e não vivente criatura, pois a vida é um excesso, um ímpeto para além, uma força imaterial, indefinida, a alma, a imperfeição.
A vida é uma luta entre os seus aspectos revelados e o limbo em que eles se perdem e ampliam até à suprema distância imaginável; uma luta entre a realidade e o sonho, a Carne e o Verbo.Entre nós, o Verbo não encarnou inteiramente. Somos corpo e alma, verbo encarnado e verbo não encarnado, a matéria e o limbo, o esqueleto de pedra e um fumo que o enconbre e ondula em volta dele, e dança aos ventos da loucura...E aí tendes um pobre tolo sentimental, uma caricatura elegíaca.Neste limbo interior, neste infinito espiritual, vive a lembrança de Deus que alimenta a nossa esperança, e transfigura esse bicho do Demónio, que anda por esses boulevards, vestido à moda ou coberto de farrapos.Ardemos num incêndio de esperança, para que reste de nós uma lembrança, um fumo que sobe e não se apaga.Tudo é memória: um fumo leve, em mil visagens animadas; ou denso, em formas inertes e sombrias; e, ao longe, a grande fogueira invisível que os demónios e os anjos alimentam.Vivo, porque espero. Lembro-me, logo existo."
A vida é uma luta entre os seus aspectos revelados e o limbo em que eles se perdem e ampliam até à suprema distância imaginável; uma luta entre a realidade e o sonho, a Carne e o Verbo.Entre nós, o Verbo não encarnou inteiramente. Somos corpo e alma, verbo encarnado e verbo não encarnado, a matéria e o limbo, o esqueleto de pedra e um fumo que o enconbre e ondula em volta dele, e dança aos ventos da loucura...E aí tendes um pobre tolo sentimental, uma caricatura elegíaca.Neste limbo interior, neste infinito espiritual, vive a lembrança de Deus que alimenta a nossa esperança, e transfigura esse bicho do Demónio, que anda por esses boulevards, vestido à moda ou coberto de farrapos.Ardemos num incêndio de esperança, para que reste de nós uma lembrança, um fumo que sobe e não se apaga.Tudo é memória: um fumo leve, em mil visagens animadas; ou denso, em formas inertes e sombrias; e, ao longe, a grande fogueira invisível que os demónios e os anjos alimentam.Vivo, porque espero. Lembro-me, logo existo."
Teixeira de Pascoaes, in 'O Pobre Tolo'
segunda-feira, abril 14, 2008
as vezes (não queria)
Quero escrever
Sobre o fim dos sonhos
Sobre este vento
Que leva o tormento
Quero escrever
Só para não sentir
Não ter de sorrir…
Só para não esmorecer
Quero navegar
Nas entranhas de mim
Ser um astro louco
Sem querer… querer-te
…Querubim
Quero ser só voz
Da voz abafada
Lembrança que de nós
Possa levar a mágoa
Quero perder
A fonte dos sonhos
E os doces tesouros
Que guardo na alma
Não ter dedos… braços
Não ter alma…
E não ter tanto para dar…
em fúria calma
As vezes queria ser
Papoila ao vento
Laje de cemitério
Escolho de jardim…
Existir sem sentido e sem sentir
Não ser porto nem ver partir
Cansa-me ser sempre cais
e porto dos promontórios dos sorrisos
As vezes queria apenas
Não pensar e não fugir
Não lutar nem me defender
Não ter de sonhar
roubar um beijo
como se fosse
apenas um gesto
e não a alma
Abraçar como se manhã
Não houvesse amanhã
e os braços fossem elos
para sempre…todo o sempre
as vezes quero amar como se respirasse
tocar como se tocasse na aura
beber sonhos .. os meus sonhos todos
como se ao bebe-los os findasse…
as vezes quero…
querer…
só por querer..
como se não doesse
talvez porque sinto
sinto o mundo todo
a areia do tempo
na ampulheta da alma
o sabor de um beijo
qualquer que não dei
ou o dia que chega
e é sempre o mesmo
e queria dar-me
para não pensar que não me dei
sonhar com alguém
só para construir
e poder ser…
poeta
… astro
…grifo
… grito
Personagem com sentido
dos sonhos que sangro no papel
Sobre o fim dos sonhos
Sobre este vento
Que leva o tormento
Quero escrever
Só para não sentir
Não ter de sorrir…
Só para não esmorecer
Quero navegar
Nas entranhas de mim
Ser um astro louco
Sem querer… querer-te
…Querubim
Quero ser só voz
Da voz abafada
Lembrança que de nós
Possa levar a mágoa
Quero perder
A fonte dos sonhos
E os doces tesouros
Que guardo na alma
Não ter dedos… braços
Não ter alma…
E não ter tanto para dar…
em fúria calma
As vezes queria ser
Papoila ao vento
Laje de cemitério
Escolho de jardim…
Existir sem sentido e sem sentir
Não ser porto nem ver partir
Cansa-me ser sempre cais
e porto dos promontórios dos sorrisos
As vezes queria apenas
Não pensar e não fugir
Não lutar nem me defender
Não ter de sonhar
roubar um beijo
como se fosse
apenas um gesto
e não a alma
Abraçar como se manhã
Não houvesse amanhã
e os braços fossem elos
para sempre…todo o sempre
as vezes quero amar como se respirasse
tocar como se tocasse na aura
beber sonhos .. os meus sonhos todos
como se ao bebe-los os findasse…
as vezes quero…
querer…
só por querer..
como se não doesse
talvez porque sinto
sinto o mundo todo
a areia do tempo
na ampulheta da alma
o sabor de um beijo
qualquer que não dei
ou o dia que chega
e é sempre o mesmo
e queria dar-me
para não pensar que não me dei
sonhar com alguém
só para construir
e poder ser…
poeta
… astro
…grifo
… grito
Personagem com sentido
dos sonhos que sangro no papel
domingo, abril 06, 2008
Há sem dúvida.....
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossivel,
Há sem duvida quem não queria nada -
Tres tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possivel,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
Álvaro De Campos (heterónimo de Fernando Pessoa)
Há sem dúvida quem deseje o impossivel,
Há sem duvida quem não queria nada -
Tres tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possivel,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
Álvaro De Campos (heterónimo de Fernando Pessoa)
sexta-feira, abril 04, 2008
quem sou eu
uma amiga tem no blog uma referência a um site em que fazemos um teste sobre a personalidade...
tentei faze-lo e o resultado é o que exponho (desculpem os que não gostam de inglês)..
para o mal ou para o bem não está muito longe da verdade.
tentei faze-lo e o resultado é o que exponho (desculpem os que não gostam de inglês)..
para o mal ou para o bem não está muito longe da verdade.
The Caregiver
You are sympathetic and caring, putting friends and family first.
A creature of habit, you prefer routines and have trouble with change.
You love being in groups - whether you're helping people or working on a project.
You are good at listening, laughing, and bringing out the best in people.
In love, you value harmony and mutual understanding.
You will apologize or give someone the benefit of the doubt, if it means getting over a fight sooner.
At work, you are good at building relationships and connecting with people.
You would make a great nurse, social worker, or teacher.
How you see yourself: Organized, dependable, co-operativeWhen other people don't get you, they see you as: Opinionated, critical, and know-it-all
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