Ou melhor escrevo sobre a minha visão da vida….
Sobre a visão que tenho do meu mundo, com toda a consciência do quão limitada é a visão das minhas vivencias perante a imensidão dos sentimentos e a grandiosidade desta mãe terra que é a nossa.
Escrevo sobre o que sinto, o que sou, sobre o que tenho e o que não tenho, sobre o que dou e o que recebo, sobre o que recebi e não soube retribuir, sobre o que dei e não cheguei a receber…
Escrevo sobre o que fiz e o que não fiz, sobre o que fiz e não devia ter feito, sobre o que devia ter feito e não consegui, escrevo mesmo sobre aquela meta adiada e adiada que sempre quis alcançar e nunca consigo. …Escrevo talvez porque não consigo
Escrevo sobre as vezes em que amei e disse presente mas também sobre as vezes em que amei e não soube dizer, sobre as vezes em que a palavra amor foi grito aos sete ventos, mas também sobre as vezes em que cada letra ficou remordida e remordida nos lábios de uma forma tão profunda que nem sequer o mais arguto dos murmúrios soube encontrar.
Escrevo sobre tudo, do infinito ao ínfimo, da luz à escuridão, do corpo à essência, das grandes causas ao nada… dos nadas aos grandes sonhos… Escrevo muitas vezes pequenos nadas que são tudo.
Escrevo às vezes para lembrar, às vezes para esquecer, às vezes por querer ficar, às vezes por querer partir, às vezes porque vivo, outras porque não vivo, às vezes porque conto, as vezes porque resto.
Escrevo acima de tudo porque me dou, nos meus poemas, neste blog, nas minhas mensagens de telemóvel, numa folha qualquer escondida dentro de um jornal, deixado ao acaso para que alguém anónimo a encontre.
Escreverei um dia nas paredes num sopro de liberdade…
ESCREVO PORQUE EXISTO….
Mesmo limitado, na minha forma (im)perfeita de ser e de me dar…
Mesmo sabendo que caio tantas vezes no ridículo…
Mesmo sabendo que estou tantas vezes isolado....
Mesmo sabendo que para muitos a escrita não é nem nunca será mais do que uma figura de estilo indiferente aos sonhos…
Mesmo não conseguindo entender como pode ser “belo” erguermos a mão contra o vazio, sabendo que ninguém a alcança.
Escrevo agora na esperança de que me leias …
Porque sei que me vais ler, sobretudo para te pedir desculpa do exagero na forma de te buscar,
Pela minha não forma de saber lidar com o tempo e a distancia…
Por não saber o sabor da ausência
Por não estar presente de outra forma…
Por não conseguir ser apenas poema escrito no papel atirado aos ventos à espera dos sonhos
Por não ser uma melhor maça, metade arrancada de mim para te entregar
Bem hajas
1 comentário:
Bem Pedro, que lindo :)
Adorei!
beijinho
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