terça-feira, março 28, 2006

Até breve.

Talvez porque ando a sentir demais
Talvez porque as palavras se esgotaram
Talvez porque há um sopro qualquer de vento que me leva a outras paragens
Talvez por estar cansado de escrever a vida a passar-me perante os dedos
Talvez por já não conseguir dizer que acredito,
Takvez por já não conseguir gritar
E não fazer qualquer sentido continuar a dizer aqui o que não consigo dizer cara a cara, alma na alma,
E já não conseguir brincar ao jogo do poeta que não sou, pois já não sei se vivo, pois já não sei se luto...
É tempo de deixar de postar por uns tempos, tempo de quem sabe dar voz aos silêncios, tempo de explorar outras formas de ser e de dar... porque preciso de regressar à intimidade, conter e redefinir as palavras, rescrever os sonhos...
Não se trata de um adeus a este espaço... trata-se umas férias sem tempo determinado, o tempo necessário para fazer aquela viagem sentimental que só eu posso fazer por mim próprio, o tempo necessário quem sabe para que um turpor qualquer de vida me ajude a explicar quem sou, o que quero, o que amo...
Prometo voltar logo que me sentir mais forte mais vivo, mais recriado, hei-de voltar, porque nunca direi que não aos sonhos, agora só não tenho força para sonha-los assim...sonha-los aqui.
Mas acima de tudo hei-de voltar pois sei que dos vossos dias nasce a luz e eu hei-de escrever essa luz, enquanto na minha alma pulsar qualquer coisas que não sei o que é mas me leva a ter sede de estar vivo.
Agradeço a todos os que fazem e fizeram parte deste meu mundo nestes meses, a todos os que se deram e iluminaram este espaço do mesmo modo que iluminaram a minha vida e estou certo que redescobriremos outra forma qualquer de comunicar e de estar próximos, pois afinal fazem parte dos meus dias.
Deixo-vos um poema que escrevi num tempo em que quis deixar a escrita... talvez porque no fundo o que senti nessa altura seja muito semelhante ao que sinto agora...

Bem ajam.



Poema só para mim ... ou o último
dos poemas


este é o poema só para mim
só para mim...
não por egoísmo...
não por injustiça
nem por ódio
não por nenhuma das palavras
que definem atitudes
vás e estúpidas
que toda a gente toma
ao proibir
ao interdir
ao censurar ...
tudo e todos....
como se tudo fosse material
para testar,
testar,
testar ...
e eles senhores
de toda a razão que há no mundo
este é o poema só para mim
simplesmente porque em cada letra
estão pedaços desgostosos
desta mágoa de sal que aqui vomito
como se a cada traço ...
fosse libertar todo o ódio
fosse desfraldar
a bandeira negra do inferno
como se revela-se
a morte anunciada do poeta
que há em mim...
perdi ...morri
acabou tudo,
a partir do instante ...
em que da minha memória
se dissipou a recordação
da doçura de um olhar ,
da ternura e um abraço ....
do sorriso dos desejos
de alucinar...alucinar.
deixei de ser poeta
a partir do momento
em que já não consigo vislumbrar
a sensação de beijar alguém
com amor...só com amor
como se dos seus lábios ....
palpitassem mil estrelas
ardentes de paixão
a partir do instante
em que me apercebi
que esta vida me escapa
por entre os dedos que entrelaço
...no vazio em que estou
no vazio que me leva a dizer...
que este é o último dos poemas
pois eu sou o último dos temas que
tratei ...
e do qual só tinha jurado falar...
quando todo o amor...
toda a caricia ...
se dissipassem da minha mente
quando toda a luz...
se tivesse esgotado da memória do meu
ser ...
e eu me visse obrigado a enterrar este
poeta
pois o meu mundo acabou ...
e sem nada do tudo que falei
resta-me apenas falar de mim ...
eu que sou ninguém.

2 comentários:

Anónimo disse...

Adeus Pedro! Adeus e até Já!
Isto não é despedida,
isto é só um volta já!

Anónimo disse...

Pedro...adeus. Tens de partir. Inevitável. Inevitável esta tua partida. Tens de ir. Procurar um novo mundo, e erguer a vontade para fora da tua esfera celestial. Parte. Pedro. Segue o sopro dos teus ventos. A brisa fina e suave que sacode a tua alma dócilmente. Foge Pedro. Foge dos murmúrios dos espectadores, do público e dos ouvintes, que se tornaram surdos e mudos às tuas palavras eloquentes. Pedro. Parte. Pedro. Ouço a tua voz, o som melódico de quem sabe o que não é para ser dito. Pedro. Estas aqui. Aqui em mim. Pedro. Ainda há quem queira poetas. Volta. Volta um dia Pedro. Aqui aguardo o sabor da tua chegada como quem não sentiu o travo amargo da tua partida.