Este post é uma resposta a um convite que me fizeram há uns dias para que referisse 5 manias minhas .
Por nunca recusar um desafio, mas sobretudo porque acho giro o convite escrevi o texto que se segue e que deixo aqui, sem qualquer intenção de concorrer a algum concurso .
1-O amar sem dizer- sim é uma doença crónica, talvez por escrever e achar que as palavras estão gastas e já não conseguem, ou talvez nunca conseguiram, definir os sentimentos, dou por mim a amar a pessoa amada sem sequer ser capaz de lhe contar o que me vai na alma.
Resta-me a esperança de que ela saiba entender o meu silencio e continue a ser a luz que é, que um dia encontre a forma ideal de lhe dizer... de lhe mostar, ou talvez ela sabendo do que eu sinto me diga, me olhe de maneira a que eu veja que ela sabe, ou até me beije, que faça o que quiser... que façamos o que a vida quiser. juntos ou separados, onde for que nos levem o nossos rumos, mas na certeza de que no fundo ambos saibamos o que vai no coração um do outro, neste reino qualquer de silencio. E depois quem disse que o amor tinha de ser feito de palavras.
2-O ar perdido- algumas pessoas acham que sou muito taciturno e pareço andar por Leiria sem saber onde vou, outras vêem-me com um ar distante e nocturno como se olha-se ao longe sem destino. Para essas pessoas fica o esclarecimento, não estou perdido, longe disso, não estou só, pelo contrário, como tenho muitos amigos em Leiria, como tenho muitas ocupações, Bloco, teatro, trabalho etc.. o mais certo é que esteja a ir de ocupação para ocupação, ou a fazer tempo entre elas , depois o mais giro é que acabo sempre por encontrar alguém amigo e dar dois dedos de conversa, beber aquele cafézito, ouvir de alguém novas dos dias. Ganha-se muito em não estar encafuado em casa, acho que estar na rua é das pequenas liberdades que ainda conservo, um prazer tão grande como aquele que teria um fumador se fumasse o primeiro cigarro matinal Quanto ao olhar distante, como se buscasse o vazio, essa é uma faceta que tem a ver comigo, de facto olho ao longe e se querem saber olho mesmo o vazio, a novidade para alguns é que não o olho de uma forma perdida, mas com o propósito de beber dele alguma coisa. O vazio tem tanto de belo como de horripilante, tanto de temível como de desejável, tanto de vida como de morte. A mim o vazio, o vácuo, o nada para que as vezes dou por mim a olhar ensina-me que além do que os meus olhos vêem há algo diferente, algo que é tão real e tão alcançável como aquilo que vemos mas que está simplesmente além do alcançável pela minha visão, algo de místico, intemporal, mas que é tão real como todas as coisas reais, se calhar a metade meia cheia do copo meio vazio, se calhar a face escura da lua simplesmente à espera da rotação perfeita para se tornar visível. Depois disto confesso que sempre que olho o infinito, vêem-me a cabeça aquela frase do mascarilha quando parte com o índio Tonto para mais uma caminhada ao por-do-sol... ao infinito e mais além.
3-O teatro- desenganem-se aqueles que pensam que tenho qualquer aspiração em ser um actor... estou ciente das minhas possibilidades e potencialidades . Estou no palco pela participação, pelo gozo que dá ir fazendo nascer um personagem na nossa cabeça e depois emprestar-lhe o nosso corpo, parte das nossas memórias. Estou no teatro e em particular no te-ato porque cada vez mais vejo o nosso grupo como um espaço de amigos, um espaço de aprendizagem de coisas verdadeiras únicas e simples. Pertenço ao grupo pela partilha que ele proporciona, pela essência que as pessoas que lá estão possuem e transmitem e se querem saber não trocaria este grupo por nenhum outro grupo de teatro e sóo deixarei quando a minha necessidade de ser útil ou o meu sonho me levarem para outras paragens.
4-O bloco – O bloco de esquerda é simplesmente o espaço que encontrei para dar azo a minha participação política e cívica activas, um espaço em que na companhia de alguém que se tornou um grande amigo vou descobrindo formas de não ser apático e indiferente, um lugar onde coma minha criatividade, o meu sonho e alguma irreverência vou podendo distanciar-me do rebanho azul laranja e dar voz as minhas convicções, isto sem qualquer aspiração politica e partidária.
5-A poesia – A minha forma única de dizer amor, vida, sonho, morte, a minha necessidade de refúgio, a minha aproximação à essência, o meu grito, os meus medos, as minhas culpas e desculpas, a forma suis generis de dizer segredos de ir sobrevivendo aos dias, aos cansaços, as tiranias e aos embaraços, sobretudo a minha forma de ser, de dar, de amar, longe das grilhetas e dos marasmos, longe da prisão dos dias e das dores, como se navegasse contra a corrente e acreditasse que os dias que me vão escapando por entre os dedos quando escrevo não me doem.
1 comentário:
parecem-me mais maneiras de estar e de ser, estas tuas 5 manias.
:) *
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