segunda-feira, abril 14, 2008

as vezes (não queria)

Quero escrever
Sobre o fim dos sonhos
Sobre este vento
Que leva o tormento

Quero escrever
Só para não sentir
Não ter de sorrir…
Só para não esmorecer

Quero navegar
Nas entranhas de mim
Ser um astro louco
Sem querer… querer-te
…Querubim

Quero ser só voz
Da voz abafada
Lembrança que de nós
Possa levar a mágoa

Quero perder
A fonte dos sonhos
E os doces tesouros
Que guardo na alma

Não ter dedos… braços
Não ter alma…
E não ter tanto para dar…
em fúria calma

As vezes queria ser
Papoila ao vento
Laje de cemitério
Escolho de jardim…

Existir sem sentido e sem sentir
Não ser porto nem ver partir
Cansa-me ser sempre cais
e porto dos promontórios dos sorrisos

As vezes queria apenas
Não pensar e não fugir
Não lutar nem me defender
Não ter de sonhar

roubar um beijo
como se fosse
apenas um gesto
e não a alma

Abraçar como se manhã
Não houvesse amanhã
e os braços fossem elos
para sempre…todo o sempre

as vezes quero amar como se respirasse
tocar como se tocasse na aura
beber sonhos .. os meus sonhos todos
como se ao bebe-los os findasse…

as vezes quero…
querer…
só por querer..
como se não doesse

talvez porque sinto
sinto o mundo todo
a areia do tempo
na ampulheta da alma

o sabor de um beijo
qualquer que não dei
ou o dia que chega
e é sempre o mesmo

e queria dar-me
para não pensar que não me dei
sonhar com alguém
só para construir

e poder ser…
poeta
… astro
…grifo
… grito
Personagem com sentido
dos sonhos que sangro no papel

4 comentários:

pikenatonta disse...

Gostei de ler... :)

Anónimo disse...

As vezes queria apenas
Não pensar e não fugir
Não lutar nem me defender
Não ter de sonhar



é lindissimo pedro! obrigado por tudo neste dia em que o SPORTING se qualificou para a final! Que noite memoravel! :D

Beijinhos*

Silvia Madureira disse...

Olá:

se for possível passa no meu blog.
obrigada

SILÊNCIO CULPADO disse...

Não escrevas sobre o fim dos sonhos. Os sonhos não têm fim. Só eles nos alimentam e nos dão quietude.
abraço