terça-feira, agosto 17, 2010

Não me venhas falar de emoções

Não me venhas hoje falar de emoções

Que eu já não ligo as tentações do torvelinho

E dentro de mim algo morreu

Talvez um sonho de profetas, talvez eu

No desalinho remoído dos poemas

É que não há amor…. sonhos eternos

Nem fados de ir embora no corrupio

E o inevitável nisto tudo é que por mais que se queira renascer

Cada gesto é sempre uma memória de um outro gesto já dado

Cada beijo traço dos lábios de outra circe

Que em cada vez que se diz fica há pedaços de alguém que se perdeu

Que em cada vez que se quer mudar há uma sina que teima em repetir-se

E no final de tudo quando o poema deixar de ser dito para passar a ser vivido

Quando a falta de experiencia for compensada pelo sonho de amores maiores

Quando a esperança se cansar de comandar a própria vida e nos permitir viver

Quando em nós mais do que as lágrimas for derramado o sangue da vida, sequioso de promessas.

Quando rubros de afecto encontrarmos nexo nos contornos curvilíneos de um corpo

Mesmo aí… há beira do apogeu dos anjos e dos homens…

Naqueles momentos em que ganhamos asas e voamos

Em que nos deixamos ser chamas e nos sentimos a arder por dentro…

Quando depois do êxtase nos mimamos etéreos de bem querer

Haverá sempre memórias de um corpo e de uma alma …

Cicatrizes deixadas nas marcas da pele que alguém já percorreu nas entrelinhas

Despojos de memórias pejados nas paredes..

E no final….

Só no final….

Um sonho de menino

Mortinho por ser menino

E sonhar de novo…

Como da primeira vez que se sonhou

Todos os sonhos