terça-feira, fevereiro 24, 2009

um poeta

um poeta é um passaro
que desaprendeu de voar
não por ter medo do céu
mas por se ter esquecido simplesmente
que as penas das suas asas
não são feitas de palavras

sábado, fevereiro 14, 2009

bom dia de são valentim


"O que é belo não morre: transforma-se em outra beleza."
.....Talvez em poesia
sonhem

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

um dia destes

esqueço-me da solidão...
dispo-me de preconceitos....
renego os maiores preceitos éticos...
e beijo....
beijo a primeira desconhecida que encontrar...
so pelo beijo....
so para sentir...
so para não escrever

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

desculpa-me

li esta frase hoje pelas 8 e 20 da manhã, dia 09 de Fevereiro, numa faixa pendurada na ponte que atravessa a nacional n.º 1, sentido sul norte, mais ou menos na zona dos marinheiros, um km ou dois antes do corte para a entrada de Leiria, próximo da ferrus.

Dei por mim a pensar na pessoa que colocou a faixa lá...
na razão de tal gesto...
no acto praticado que levou ao pedido de desculpas....
na pessoa a quem se pediu desculpas...
no tempo que devia fazer quando esse alguém que pediu desculpas colocou a faixa lá...
no quanto deve ter custado prender a faixa, no esforço que a pessoa que a colocou, ele ou ela, deve ter feito....
no quase milagre que é a faixa ainda estar lá.... ainda continuar erguida....
ainda continuar a pedir desculpas ...
por expiação do acto praticado...
para lembrança do gesto de pedir desculpas...
por testemunho do sentimento magoado de quem se pede reconsideração...

Depois pensei na reacção da pessoa a quem se destinava a mensagem...
na reacção da pessoa ele ou ela que percebeu que a mensagem era para si...
na reacção que a mensagem deve ter desencadeado nela ou nele.
na duvida sobre se o pedido de desculpas foi aceite ou não....
na esperança quase indiscreta de que tenha sido....
de que a relação entre os dois... sejam eles quem forem se tenha refeito...

Depois pensei nas pessoas que não sendo destinatárias da mensagem se sentiram enquanto tal.
Nas pessoas que pensaram que foi o seu namorado ou namorada que colocou a faixa lá e que a sentiram como sua.
nas pessoas magoadas com a vida que sentiram que era a própria vida que lhes pede desculpa pelas maleitas e se sentiram assim reconfortadas...
Ou simplesmente nas pessoas que como eu leram a mensagem e viram nela um novo alento para este dia, apesar do frio, apesar da chuva, apesar do vento... apesar de ser inicio de semana...

Depois de tudo isto, por toda a reflexão que fiz e por todas reflexões que as pessoas que passarem por lá fizerem sobre aquela faixa, ao sentirem aquela faixa, só há uma constatação que me assalta a memória....
a verdade é que as vezes a vida é feita de pequenos grandes gestos, pequenos grandes sonhos....
a poesia também....

por isso mesmo sabendo que o texto não é para mim e que não fui eu o autor de tal pedido.... atrevo-me a dizer....

desculpamos-te....


espero que ele ou ela também...


bom dia

domingo, fevereiro 01, 2009

Paris - mais um filme a não perder



Esta não é uma história de pessoas importantes, com enredos especiais.
Por contrário... o enredo é o dia a dia, os dias mais comuns... o quotidiano dos quotidianos.
A personagem principal mais do que os actores que dão corpo à trama é própria Paris... a própria cidade, não tanto a cidade das luzes, mas a Paris real, a Paris de todas as cores... de todos os tons..
É no fundo a própria cidade que se move, que se mexe, que se movimenta, é no seu seio que os enredos se cruzam, que as vivências, sonhos, sentimentos, medos e devires dos vários personagens se desenvolvem.
Paris - o filme inova não pelos actores (que não obstante tudo o que vou dizer são reconhecidos e talentosos) mas sim pela forma como Cédric Klapisch olha a cidade e nela faz desenvolver as histórias de vida dos personagens que cria, como se fosse a nossa própria história.. sem edilismos.. sem filosofias... apenas mostrando as vivências pelas vivências.
Paris é a história de um antigo bailarino que adoece e que corre o risco de perder a vida.
A história da forma como o facto de poder morrer o faz olhar os outros, dar uma importância especial às pessoas com quem se cruza, às suas vivências ... questionar o amor, a vida.. a própria morte.
É através do seu olhar, da visão que ele tem deles ora a partir da sua janela, ora no contacto que tem com eles no dia a dia que vamos conhecendo os outros personagens, estes são Vendedores do Mercado, Padeiras, Assistentes Sociais, Dançarinos, Arquitectos, Professores Universitários, Modelos, Imigrantes Clandestinos dos Camarões (mas que poderiam ser de outro lado qualquer) , no fundo todos eles pessoas vulgares, mas que para elas são pessoas especiais, pessoas que vivem vidas banais, mas que para elas são únicas, pessoas que tem sonhos e problemas que podem ser insignificantes, mas que para elas são os mais importantes do mundo.
Pessoas que se revelam e interagem na cidade de uma forma descontraída mas quase circular como se todos os caminhos se cruzassem.
pessoas que no fundo podíamos ser nós.