sexta-feira, janeiro 30, 2009

A cor dos dias

Ficha Técnica
Texto: João Lázaro Pedro Antunes
Interpretações: Bárbara Conde, Bárbara Pereira, João Lázaro, Luciana Fernandes, Mariana Queiroz, Pedro Antunes
Apoio Técnico: Diana Moreira
Cenografia: Jorge Vieira
Direcção de Produção: Maria Manuel da Rocha Marques
Direcção de Actores: Ana Rita Santos
Encenação: João Lázaro~
Deixo parte do texto da peça que o TE-ATO vai voltar a levar à cena no próximos dias 7 e 14 de fevereiro na Sala Jaime Salazar Sampaio - Rua Pedro Nunes (Transversal Arquivo Distrital / Terreiro) em Leiria
Porque existem partilhas que dão sentido ao sonho, cores que dão sentido a vida.
com um muito obrigado às jovens grandes actrizes do Te-ato pela garra e empenho que mostram sempre e pela dedicação com que deram corpo e alma às cores, ao João que me leva sempre a desafiar os meus limites, à Sara que me deu força e foi a primeira a estimular-me a mostrar o que escrevi e aos meus amigos e família que as vezes mais próximos ás vezes mais distantes me tem dado a ancoragem necessária a todos os voos.
bons sonhos....
de todas as cores

Quando deus criou o mundo, o mundo era escuro.
Negro como a noite mais negra.
Tão escuro, que nele reinava o maior dos silêncios,

o maior dos vazios.

Então cansado da escuridão

deus criou o sol
na esperança de que ele iluminasse o mundo
e desse vida a sua obra.

Então o sol nasceu.

Forte.
Radioso.
Vivo.
E assim nasceu a cor amarela

nos seus raios
E o sol passou a iluminar os céus.

Graças ao seu brilho surgiram as aves
e o sol foi tomando o seu lugar
Dia a dia.
Hora a hora.
Minuto a minuto.
Segundo a segundo
Até que ficou cansado.
Tão cansado que teve de pedir ao deus
que o deixasse descansar.

E deus ao ver que o amarelo do sol
estava aos poucos a ficar fraco
percebeu o cansaço do sol
e pediu que o sol o avisasse
quando fosse a hora de nanar.

Assim surgiu o por do sol
e com ele o laranja das suas cores.
Mas com o deitar do sol regressava o escuro
e com o escuro o silêncio.

Então deus criou a lua e as estrelas
E estas passaram a receber o brilho que o sol lhes dava.
Depois devolviam-no ao universo
Espalhadas pelo céu numa dádiva pura.
Tão pura que o amarelo do sol
se tornou ainda mais cristalino
e assim nasceu o branco.

Deste modo os dias de sol
passaram a dar lugar às noites de lua
e fizeram-no tantas vezes
e de uma forma tão terna
que o radioso sol se apaixonou pela terna lua
e a lua aos poucos também se foi apaixonando pelo sol.
O problema é que nem o sol nem a lua podiam estar juntos
e assim ficaram tristes.
Dessa tristeza surgiu o cinzento das nuvens e a chuva.

Deus ao ver tanta dor
lá aceitou que eles se beijassem de vez em quando
e assim nasceram os eclipses.
Graças a esses beijos de vez em quando
o sol e a lua voltaram a ser alegres
e a tomarem o seu lugar no céu
um após o outro.

Como a lua era vaidosa pediu a deus um espelho
e assim deus criou o mar para que a lua se pudesse ver.
Foi assim que surgiu o azul
e assim puderam nascer os peixes para o habitar.

o amor do sol e da lua era tão intenso
que aos poucos a terra que antes era negra e sem vida
se foi tornando fértil e castanha .
Foi assim que surgiram as árvores e as flores
e com elas o verde das suas ramagens
que passaram a cobrir os campos e vales.
Foi assim também que surgiram os restantes animais
testemunhas do amor do sol pela lua.

E esse amor era tão intenso
que deus resolveu criar
os seres humanos
para que contassem esse amor
de geração em geração,
para que procurassem viver ao longo da sua vida
amores iguais…
Amores Perfeitos...

e assim os homens
foram incumbidos dessa procura.
Algo que era mais que receber.
Era um dar puro.

Uma partilha pura
para ser vivida
dia a dia
noite a noite.
De sol a sol
de lua a lua.

Para lembrar os homens dessa missão
deus criou o violeta
e com ele coloriu as pétalas de uma flor
a quem chamou amor-perfeito
para que nenhum homem se esquecesse da sua busca
e se tornasse cinzento.

Porque afinal a cor dos dias.
A cor de todos os dias
é a cor que dermos aos outros
nos nossos sorrisos.

quinta-feira, janeiro 08, 2009

parte...

parte de mim é poesia...
a outra é sobretudo vazio.


pedro