domingo, outubro 29, 2006

Em torno de um banco de jardim...

A propósito do texto " O desconhecido" que a isa xana colocou no blog dela.

... Estavam perdidos os dois sós no banco do jardim....
perdidos nos seus casulos, nessa solidão que era de ambos sem o saberem...
porque essa solidão é sempre nossa e as vezes embrulha-nos, faz-nos esquecer que ao nosso lado alguém está só também.
A solidão é mais genuina se pensarmos que é só nossa ...
dá-lhe uma gradação maior, um fatalismo maior, a capacidade de suportar como herois frigios faz-nos ascender ao limbo se sentirmos que somos os únicos a sofrer assim, a sentir assim.
... Estavam os dois lado a lado,serenos, parados, quedos, calados...
O olhar dele não se tinha ainda focado na luz eterna e azul do olhar dela.
Ela não tinha ainda reparado no ar triste, melancólico, quase profético e louco dele.
Se o tivessem feito os olhos dele teriam ficado iluminados com a luz que vinha dos dela, e os dela teriam ainda ficado mais eternos porque enfeitiçado que estava ele não teria resistido a tranformar a luz que deles vinha em poema, em grito, em ode... e quando os cantasse seria a ela que cantaria até ao final dos anos.
Mas nem ele nem ela tinham reparado no outro... estavam desencontrados, os dois cada um na sua solidão ...
nessa solidão em que teriam ficado se uma borboleta não tivesse passado a esvoaçar à frente dele pousando depois sossegada no colo dela, se ao faze-lo a borboleta bela que era não tivesse feito que ele se virasse para a rapariga, se não tivesse feito que os dois olhares se cruzassem, se não os tivesse feito os dois esclamar - é linda... e assim obriga-los a romper a masmorra de silencio.
Se o facto de ele sorrir por terem os dois falado ao mesmo tempo não a tivesse cativado para o seu sorriso triste mas belo,
se o olhar cativo dela não tivesse brilhado mais ao ponto de ele não conseguir resistir-lhe e desejar mergulhar naquele azul, e desejar canta-lo...
se ficaram os dois juntos ?????
não o sei.... que importa ... afinal o banco de jardim é um abrigo...
não é...
shiu.... a borboleta ainda está pousada,
as asas abertas parecem agora um coração, parecem palpitar...
deixa-os sossegados...

quarta-feira, outubro 25, 2006

O blog faz um anito

Pois é o blog está mais velho.
foi-se um ano de partilha de sentimentos, de sonhos, de esperanças e de descrenças, de sombra e de luz.
Um ano em que me dei a conhecer e vos fui conhecendo, um ano em que nos demos, nos despojamos a nós mesmos, nos enraizamos num espacinho ainda virtual como flores que desabrocharam e deram de si..
foi e é maravilhoso ter-vos presentes, sentir-vos letra a letra, foi maravilhoso saber que palavra a palavra os meus poemas, as minhas experiencias, os autores de quem gosto e mesmo muitas vezes os vossos textos foram encontrando eco em vocés.
estou-vos gratos por cada letra, cada silaba, cada linha que escreveram, cada pensamento de sentimento que aqui perpectuaram..
a vossa grandeza é infinita acreditem.

OBRIGADO POR FAZEREM PARTE DA MINHA VIDA.

Porque este blog não existia sem a madrinha deste espaço (que além de me ter criado, pelas visitas ao blog dela, o viciozinho de me contar, foi preponderante pelos conselhos muito avizados que me ia dando quando eu fazia asneira com a net), faz todo o sentido que seja dela o poema que agora vos deixo...
com um agradecimento especial para ela, doce e meiga Carla Lopes, pela alma, pela garra e pela essencia que foi dando à minha vida ao longo deste ano.




" Só gostava de viver aquele abraço


Ao longe um abraço..
tímido e vazio
a imensa vontade de trocar palavras..
no meio de frases sem sentido.


Mas tu partis-te!
E o teu abraço desfez-se como um laço..
que nunca mais se voltou a dar.
Tantas palavras ficaram por trocar!


Hoje voltei ao teu lugar..
escrevi "adoro-te" num laço..
embalei com um abraço..
e à tua campa fui colocar.


Desta vez o abraço não ia vazio..
ia carregado de
lágrimas..
tristeza..
e de muita saudade"



Carla Lopes

sábado, outubro 21, 2006

sonho...

O sonho desaparece
Com o decorrer do tempo,
qualquer coisa me enfurece
e sei que ja nada aguento.
Penso so...
Nos pensamentos a solidao,
vejo-me a morrer lentamente,
sozinha, procuro a razao
e o sonho recordo tristemente.
Vida sem sentido...
Tento encontrar
o Mundo perdido
para nunca mais o abandonar...


Mónica Mendes



Amiga ...
escolhi este poema teu para te dizer que é muito bom conhecer-te e estar do teu lado, ainda que a distancia.
ACREDITA nos teus sonhos.

beijo meigo

a todos vocés amigos que vem ao meu blog quero dizer-vos que estou muito feliz por fazerem parte da minha vida.
a vocés dedico este blog, que hoje faz 100 posts e praticamente um ano, aproveitando desde já para vos agradecer pelo vosso incentivo e a vossa participação neste espaço que muito mais do que meu é vosso pois não fazia qualquer sentido sem o vosso brilho

bom fim de semana

quarta-feira, outubro 18, 2006

um sorriso

"Ainda que haja noite no coracao, Vale apena sorrir Para que hajam estrelas na escuridao..."


Frase que a Monica Mendes deixou no meu HI5

Porque é necessário acreditarmos sempre na esperança de um novo dia... de um novo passo.. quem sabe para superarmos mais um degrau que nos aproximara do nosso maior sonho.

domingo, outubro 15, 2006

o blog é vosso

como este mês o blog fica mais velhinho resolvi que era chegado o vosso tempo de trabalhar para ele... de agora em diante estou aberto a publicar textos, poemas e pensamentos vossos para isso basta publicarem-nos neste post como comment que eu prometo irei coloca-los num novo post .
va-la não tenham medo sei que há muitos talentos escondidos por ai .

bem ajam...
obrigado por partilharem este espaço comigo

terça-feira, outubro 10, 2006

mar e lua


Porque sei que gostas..
pela beleza da letra de chico buarque.
porque nenhum de nós teve ainda o nosso verão
na esperança de que o verão tal como o natal possa ser quando o homem quiser
acima de tudo porque onde quer que estejas...
...és a minha lua...
... o meu sol...
o meu mar
deixo-te esta letra de chico buarque... para te inspirar antes de adormeceres.
beijo meigo




Mar e lua


Amaram o amor urgente
As bocas salgadas pela maresia
As costas lanhadas pela tempestade
Naquela cidade
Distante do mar
Amaram o amor serenado
Das noturnas praias
Levantavam as saias
E se enluaravam de felicidade
Naquela cidade
Que não tem luar
Amavam o amor proibido
Pois hoje é sabido
Todo mundo conta
Que uma andava tonta
Grávida de lua
E outra andava nua
Ávida de mar

E foram ficando marcadas
Ouvindo risadas, sentindo arrepios
Olhando pro rio tão cheio de lua
E que continua
Correndo pro mar
E foram correnteza abaixo
Rolando no leito
Engolindo água
Boiando com as algas
Arrastando folhas
Carregando flores
E a se desmanchar
E foram virando peixes
Virando conchas
Virando seixos
Virando areia
Prateada areia
Com lua cheia
e à beira-mar
Chico Buarque

domingo, outubro 08, 2006

Pablo Neruda





O teu Riso


Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.




Pablo Neruda in Os Versos do Capitão


deixo-vos um poema de pablo neruda, que dedico a todos aqueles que sabem o valor do amor.
simplesmente porque a poesia as vezes não pertence a quem a escreve mas sobretudo a quem sente .
boa semana

quarta-feira, outubro 04, 2006

eu hoje sou

Eu hoje sou
Um poeta errante
Sem porto de abrigo
Ferido e inconstante
A dar alento a sonhos
Difíceis de viver
A escrever para não chorar
A sonhar para não morrer

Eu hoje sou
Um barco a deriva
Embalado pelas correntes
Vou chorando a brisa
Com o mar por infinito
Vivo sem grilhetas ...
sem ter porto de abrigo
onde me levam os ventos


Eu hoje sou
uma nota solta
de uma sinfonia
que já se esqueceu
errando pelo espaço
infinito da musica
procurando o tom
que um dia alguém me deu

Eu hoje sou
uma beata de cigarro
largada ao acaso
no cinzento das ruas
no filtro trago escorias
e marcas de baton
quem sabe dos lábios
de alguem que já me amou

Eu hoje sou
O vento e a madrugada
Profeta do acaso
Bêbado sem farra
Escritor finito
De um tempo que não partiu
Vivo em busca de um grito
que ninguém ouviu

E sabem
As vezes não sei porque existo
Porque me correm os dias assim
Mas vou por diante e resisto
Porque onde quer que vá
Estão dentro de mim
e sei que o céu será de novo azul
porque estarão sempre aqui

Mas hoje não sei porque
custa-me a sentir
custa-me a ser
ou até a intuir
tenho qualquer coisa no peito
difícil de soltar
algo de eterno e profundo
que não soubesse dar

mas sabem
hoje sei quem sou...
beata de cigarros
com marca de baton
veleiro abandonado
ao sabor dos ventos
poeta louco
de um conto sem nexo
ou esquecida nota musical
ou mesmo o nada

...Eu hoje sou o nada
Eu hoje sou....
Nada
Uma pedra numa estrada
Nada
Uma corda de guitarra
Nada
Um canto da cigarra
Nada
Eu Hoje sou...
Eu
NADA

segunda-feira, outubro 02, 2006

porque há baladas que se tornaram eternas

LONELY SKY



That cold north wind they call “La Bise”

Is swirling ‘round about by knees

Trees are crying leaves into the river

I’m huddled in this French café

I never though I’d see the day

But winter’s here and summer’s really over

Even the birds have packed up and gone

They’re flying South with their song

And my love, she too has gone, she had to fly



Take care it’s such a lonely sky

They’ll trap your wings, my love, and hold your flight

They’ll build a cage and steal your only sky

Fly away, fly to me, fly when the wind is high

I’m sailing beside you in your lonely sky



The old cathedral lights are low

She and I we’d often go there

To admire and sometimes kneel in prayer

Lords and Ladies lie in stone

Hand in hand from long ago

And though their hands are cold they’ll love forever

Even the choir rehearses those songs

For Christmas is not long

And alone, I sing my song, she had to fly



Out there, it’s such a lonely sky

They’ll trap your wings, my love, and hold your flight

They’ll build a cage and steal your only sky

Fly away, fly to me, fly when the wind is high

I’m sailing beside you in your lonely sky

Fly away fly to me, and if you need my love

I’m sailing beside you in your lonely sky

I’ll come in with the dawn

I’m sailing beside you in your lonely sky

On the wings of the morn

I’m sailing beside you in your lonely sky

Above the world we’ll be flying

I’m sailing beside you in your lonely sky


CHRIS DE BURGH


Simplesmente porque este fim de semana foi muito especial para mim pois foi maravilhoso ter-te sentido doce e leve como um passaro.
porque é bom saber que esse teu imenso esforço em tentares conciliar essa tua maneira especial de seres com o curso está a ser recompensado sem que percas a tua imensa condição humana.
porque achei que quando falaste da minha ideia de ir morar para o pedrogão e do facto das implicações que ela pode ter ao nivel da proximidade das pessoas senti que havia no diálogo algo de ti, como se as vezes nos (amigos) sentisses distantes.
acordei a precisar imenso de dizer-te que onde quer que vás, o que quer que faças, aconteça o que acontecer poderás contar sempre comigo, pois estarei sempre disposto a acompanhar os teus rumos quer seja a navegar como senhor dos ventos, quer ao ritmo do caracol, devagar... mas sempre atrás de ti.

Aproveito este espacinho também para dizer à menina do olhar e à Mónica Mendes (que no hi5 ou no blog me tem perguntado se estou bem) que está tudo bem comigo, embora esteja numa fase absolutamente desinspirada, pelo que no blog só tenho colocado citações...mas as vezes sentesse mais do que se consegue por no papel.
agradeço a vossa preocupação e acima de tudo o facto de continuarem a dar cor a este espaço e à minha vida.

beijo grande e eterno como o mar